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BRIGA ENTRE PODERES
Boca-de-urna será vetada, dizem juízes
Zeca do PT desafia a Justiça Eleitoral de MS; governador vê perseguição à sigla
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O governador de Mato Grosso
do Sul, José Orcírio Miranda dos
Santos, o Zeca do PT, entrou em
confronto aberto com a Justiça
Eleitoral, que, segundo ele, comete exageros e persegue candidatos
petistas ou aliados do partido.
Em Campo Grande, o PT tenta
chegar ao segundo turno. As pesquisas de intenção de voto apontam uma possível vitória de Nelsinho Trad (PMDB) já no domingo.
"Preocupados com os últimos
acontecimentos de desrespeito à
autoridade da Justiça Eleitoral",
seis juízes eleitorais de Campo
Grande anunciaram anteontem
medidas para as eleições.
A primeira delas diz que a "Polícia Judiciária Eleitoral compete
exclusivamente aos juízes eleitorais sem interferência de qualquer
outra autoridade".
O juiz Luiz Gonzaga Marques
disse que a decisão foi uma reação
à ordem do governador, que, no
fim da semana passada, mandou
a Polícia Militar fazer ronda no
bairro Residencial Sóter, onde
moram ex-favelados, para proteger eleitores com intenção de votar do PT e que estariam, segundo
Zeca, sofrendo "coação" e "pressão" do prefeito de Campo Grande, André Puccinelli (PMDB).
Os juízes também recomendaram aos eleitores que, para não serem confundidos com cabos eleitorais, evitem uso de camisetas e
bonés de candidatos. Os magistrados disseram que não permitirão boca-de-urna.
A reação do governador veio
ontem. "Pedi para [a assessoria
jurídica do governo] estudar os
exageros que fazem os juízes eleitorais. Querem regulamentar acima da lei. Isso é ditadura, exagero.
A mim não vão tutelar. Recomendação para o cidadão não usar camiseta? A lei não fala disso."
Anteontem, o governador petista disse que faria boca-de-urna,
que é proibido. Na terça, o governador determinou a suspensão de
operações de reintegração de posse até após as eleições.
A ordem afrontou a determinação da juíza Luciane Buriasco de
Mello. Ela mandou a PM desocupar na segunda-feira a fazenda
Aruanã, localizada em Bonito, invadida pelo MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) desde maio de 2003.
Zeca critica a juíza porque ela
cassou no início deste mês o registrou da candidatura do prefeito
de Bonito, Geraldo Marques
(PDT), aliado dos petistas. Marques foi acusado de usar um computador da prefeitura para divulgar propaganda eleitoral. Ele nega. O TRE (Tribunal Regional
Eleitoral) suspendeu a cassação
na semana passada.
"Eu não quero acreditar, mas fiquei sabendo que a juíza anda nas
escolas pedindo votos contra o
PT. Eu vou lá para ver", afirmou
Zeca, no comício de segunda-feira à noite ao lado do ministro José
Dirceu (Casa Civil), que veio a
Campo Grande apoiar o sobrinho
do governador, Vander Loubet
(PT), candidato a prefeito.
A juíza nega que tenha visitado
escolas para fazer campanha contra o PT, mas fez palestras para estudantes sobre as eleições.
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