São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2006

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MARANHÃO

Favorita, Roseana esconde sobrenome Sarney

ADRIANO CEOLIN
ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUÍS

Usado para batizar ponte, rua e prédio público no Maranhão, o sobrenome Sarney ficou de fora do material de campanha da candidata Roseana (PFL), que é apontada como favorita para voltar a comandar o governo do Estado. Ela tem como principais adversários Edson Vidigal (PSB), Aderson Lago (PSDB) e Jackson Lago (PDT), único com chances de ir ao segundo turno.
A omissão do sobrenome do pai, o senador e ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), é vista pelos adversários como uma estratégia de comunicação para evitar críticas. "Dizem que ela é uma guerreira. Só se for guerreira de butique. Ela representa uma oligarquia que há 40 anos controla o Estado", diz Lago.
Aliados de Roseana negam que a omissão do sobrenome Sarney no material de campanha da candidata do PFL faça parte de uma estratégia de comunicação. Lembram ainda que ela já foi eleita governadora por duas vezes, em 1994 e 1998, e senadora, em 2002.
"Essa questão do nome pode ter algum efeito em São Luís. Em 2002, ela já usou só Roseana", disse Ricardo Murad (PMDB), candidato a deputado estadual e cunhado de Roseana. "Agora, no interior o presidente José Sarney é adorado pela população", completou Ricardo, irmão de Jorge Murad, marido da pefelista envolvido no caso Lunus em 2002.
José Sarney foi nomeado governador pela ditadura militar em 1966. Desde então, apenas políticos indicados por ele conseguiram chegar ao governo do Maranhão. O último deles, o atual governador José Reinaldo Tavares (PSB), se desentendeu com a família no seu segundo ano de mandato.
Ele culpa Roseana pelo rompimento. "Ela queria mandar no meu governo. Quando viu que não podia, resolveu colocar toda a mídia da família contra mim", disse Tavares. Os Sarney são donos do principal jornal do Estado e da emissora de TV afiliada à Rede Globo.

Ex-amigo
Entre 1998 e 2002, Tavares foi vice de Roseana e gozava da amizade de José Sarney havia 38 anos. O governador admite que os desentendimentos com ela foram fomentados pelo o mau relacionamento entre Roseana e a ex-mulher dele Alexandra. Rompido com os Sarney, Tavares procurou os principais adversários da família, como Lago e Jackson. Esse último chegou a anunciar a criação da "Frente de Libertação do Maranhão", da qual seria representante na eleição.
Jackson, porém, não contava com o desejo de se candidatar do então presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Edson Vidigal -também um ex-aliado de Sarney. Depois de se aposentar como ministro, Vidigal entrou no PSB, mesmo partido escolhido por Tavares.
Mais tarde, o governador acabou lançando a candidatura de Jackson e Vidigal. "Ele [Tavares] achou que fosse melhor assim. Temia que a disputa ficasse polarizada", disse Jackson, que conta com o apoio da prefeitura de São Luís administrada por Tadeu Palácio (PDT).
Com suas forças divididas, os candidatos apoiados por Tavares não conseguiram superar o favoritismo de Roseana. Ela se manteve à frente das pesquisas desde o início da corrida eleitoral. Os ataques não surtiram o efeito esperado. Aderson foi quem mais criticou Roseana e não conseguiu atingir dois dígitos em pesquisas.
"Nunca fui para a televisão para bater nem xingar ninguém", disse Roseana, no comício de encerramento de sua campanha em São Luís, na última quinta-feira. No oportunidade, Roseana foi chamada apenas de "Roseana" pelo locutor do comício. "O uso do nome [Sarney] não acrescenta nem atrapalha em nada", disse o deputado e candidato à reeleição Sarney Filho (PV-MA).


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