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PRESIDÊNCIA / ESTRATÉGIA PARA O 2º TURNO
Lula quer usar Aécio e Serra em "guerra"
Presidente tenta se aproximar de tucanos, que estão de olho em 2010, e deve telefonar para os dois hoje para congratulá-los
Além da disputa política, presidente espera enfrentar também batalha jurídica no TSE por conta da compra de dossiê contra tucanos
KENNEDY ALENCAR
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Avaliando que é "imponderável" o resultado do segundo
turno, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva se prepara para
uma "guerra" contra os que
chama de "radicais da oposição", segundo expressão de um
auxiliar direto que integrava o
grupo que acompanhou a apuração ontem à noite no Palácio
da Alvorada.
O presidente dará especial
atenção a dois tucanos que coloca no time de oposicionistas
moderados: Aécio Neves, reeleito governador de Minas, e
José Serra, que venceu a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. Deve telefonar para os dois
hoje a fim de congratulá-los.
Também ligará para os demais
eleitos em primeiro turno.
Na visão do presidente, Serra
e Aécio, potenciais candidatos à
Presidência em 2010, podem
trazer equilíbrio e moderação
ao segundo turno. Aécio já pregou ontem pacificação. E Serra
disse que não vê ação eleitoral
nas operações da Polícia Federal, como na investigação da
compra do dossiê contra tucanos por petistas.
De acordo com auxiliares,
Lula pretende derrotar Alckmin e criar um "triunvirato"
com Aécio e Serra para tentar
dar as cartas na política brasileira nos próximos anos. Sabe
que terá de descer do pedestal
(evitou debates no primeiro
turno, cantou vitória) e entrar
no ringue contra Alckmin.
Uma eventual vitória de
Alckmin não interessa a Serra e
a Aécio, que, pela votação expressiva, se tornariam as principais figuras da oposição na hipótese de reeleição do petista.
Na lista de Lula, os "radicais"
são o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, os presidentes do PSDB e do PFL, pela
ordem, os senadores Tasso Jereissati (CE) e Jorge Bornhausen (SC), e o prefeito do Rio,
Cesar Maia (PFL).
"Na marra, não"
Lula e ministros acompanharam a apuração ontem à noite
no Alvorada. Às 21h15, auxiliares do presidente tinham esperança de vitória no primeiro
turno. Estrategistas da campanha fizeram projeção de vitória
com 1 milhão de votos de folga.
Presente, Dilma Rousseff
(Casa Civil) dizia "não vai ter
segundo turno, não vai ter". Na
conversas reservadas, Lula tem
dito que só admitirá deixar o
poder pelo voto -numa referência a um eventual processo
de impeachment ou impugnação da candidatura pelas denúncias recentes.
"Não vão me tirar na marra",
disse o presidente a um ministro na sexta-feira, dia em que
foram divulgadas as fotos dos
reais e dólares da compra do
dossiê. Lula repetiu o mesmo
raciocínio ontem no Alvorada.
O presidente sustenta que
não teve participação na tentativa de petistas de comprar o
dossiê contra o PSDB.
Justiça
Lula acredita que terá de enfrentar uma batalha jurídica,
além da política. Ele e auxiliares crêem que o pedido de impugnação de candidatura ao
TSE (Tribunal Superior Eleitoral), feito pela oposição após o
caso dossiê, criará dificuldades
de governabilidade.
Daí avaliar ser preciso manter canais com oposicionistas
moderados. Assim, sinalizará
desde o início de uma eventual
segunda fase que faz distinção
entre os líderes da oposição.
O presidente Lula acredita
que um segundo turno seria
muito duro, com contundência
ainda maior dos setores que
atacam frontalmente ele e o governo.
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