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Posse de petista inspira batismo de bezerro
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva já havia se aproximado da grade que o separava de dezenas de eleitores,
fotógrafos, cinegrafistas e repórteres na escola Dr. João
Firmino Correia de Araújo. A
grade ameaçava cair, com o
ímpeto da imprensa por novas frases e imagens.
Lula começava a distribuir
alguns autógrafos e soltava
as primeiras palavras à multidão aglomerada quando
um grito chama a atenção:
"Ô, Lula! O meu marido morreu, mas era a sua cara. Era
petista roxo, Lula!".
Lula se aproxima, segura o
rosto da mulher, que já derramava lágrimas. "Você é filha?", pergunta ele à garota
ao lado. E a mulher do petista
roxo prossegue: "Lula, no dia
em que você ganhou a eleição, neste dia, nasceu o bezerrinho nosso. Tem o nome
de Lula. Na hora em que você
tomou posse, nasceu. Eu falei: "Então tem que ser Lula'".
"Lulinha", corrige a garota.
Dona Marisa escuta tudo
atenta. "E onde está esse Lulinha?", indaga, interessado,
o presidente. O bezerro Lulinha passa muito bem, diz ela,
lá na chácara em Cesário
Lange, município onde Célia
Araci Demarch de Souza, 54,
pensionista, morava com o
marido. Depois da morte do
fã de Lula, ela voltou para
São Bernardo.
O deputado Vicente Paulo
da Silva, o Vicentinho, faz a
recomendação importante:
"Mas não é para comer ele [o
bezerro Lula] não, hein?!".
O presidente cai na gargalhada, beija dona Célia e se
despede, no típico tom messiânico: "Fica com Deus".
Os eleitores, talvez por um
certo temor do segundo turno, também se apegam ao divino. "Deus é grande, Lula.
Obrigado por tudo. Deus te
ama!", gritam sucessivamente outros fãs do presidente.
Um menino joga vários
santinhos (já em desuso) em
Lula e improvisa a chuva de
papel picado. "O povo brasileiro vai para a urna totalmente maduro, sabendo
bem o que está melhorando
na vida dele. Acho que é isso
que vai definir o processo
eleitoral", diz o presidente,
agora com um certo ar de insegurança. "Eu estou confiante. Gente, eu tenho que ir
embora", despede-se.
Dona Célia chora. Diz que
as pernas estão tremendo.
"Eu amo o Lula!", explica.
Mas nem tudo são flores
em São Bernardo. Houve gritos lembrando os dólares na
cueca. Gente irritada na rua
não queria saber de Lula,
muito menos do PT.0
(MD)
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