São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2006

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Posse de petista inspira batismo de bezerro

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia se aproximado da grade que o separava de dezenas de eleitores, fotógrafos, cinegrafistas e repórteres na escola Dr. João Firmino Correia de Araújo. A grade ameaçava cair, com o ímpeto da imprensa por novas frases e imagens.
Lula começava a distribuir alguns autógrafos e soltava as primeiras palavras à multidão aglomerada quando um grito chama a atenção: "Ô, Lula! O meu marido morreu, mas era a sua cara. Era petista roxo, Lula!".
Lula se aproxima, segura o rosto da mulher, que já derramava lágrimas. "Você é filha?", pergunta ele à garota ao lado. E a mulher do petista roxo prossegue: "Lula, no dia em que você ganhou a eleição, neste dia, nasceu o bezerrinho nosso. Tem o nome de Lula. Na hora em que você tomou posse, nasceu. Eu falei: "Então tem que ser Lula'". "Lulinha", corrige a garota.
Dona Marisa escuta tudo atenta. "E onde está esse Lulinha?", indaga, interessado, o presidente. O bezerro Lulinha passa muito bem, diz ela, lá na chácara em Cesário Lange, município onde Célia Araci Demarch de Souza, 54, pensionista, morava com o marido. Depois da morte do fã de Lula, ela voltou para São Bernardo.
O deputado Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, faz a recomendação importante: "Mas não é para comer ele [o bezerro Lula] não, hein?!".
O presidente cai na gargalhada, beija dona Célia e se despede, no típico tom messiânico: "Fica com Deus".
Os eleitores, talvez por um certo temor do segundo turno, também se apegam ao divino. "Deus é grande, Lula. Obrigado por tudo. Deus te ama!", gritam sucessivamente outros fãs do presidente.
Um menino joga vários santinhos (já em desuso) em Lula e improvisa a chuva de papel picado. "O povo brasileiro vai para a urna totalmente maduro, sabendo bem o que está melhorando na vida dele. Acho que é isso que vai definir o processo eleitoral", diz o presidente, agora com um certo ar de insegurança. "Eu estou confiante. Gente, eu tenho que ir embora", despede-se.
Dona Célia chora. Diz que as pernas estão tremendo. "Eu amo o Lula!", explica.
Mas nem tudo são flores em São Bernardo. Houve gritos lembrando os dólares na cueca. Gente irritada na rua não queria saber de Lula, muito menos do PT.0 (MD)


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