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Maluf lidera lista de deputados mais votados
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Paulo Maluf e seus correligionários se recusaram a usar o
nariz de palhaço que um grupo
de manifestantes oferecia ontem, na porta do colégio Sacre
Coeur de Marie (zona oeste),
onde o candidato a deputado
federal (PP-SP) votou.
"Estamos aqui em protesto
contra os políticos brasileiros
que nos fazem de palhaços", dizia Sérgio Morisson, 30, que
trabalha com projetos sociais e
levou 2.000 narizes para distribuir ao som de U2 e Cazuza.
Policiais militares presentes no
local impediram que Morisson
e seus companheiros ficassem
na porta do colégio.
"Vou votar no dr. Paulo porque ele é honesto, inteligente e
bom político", explicou o advogado Antônio José Haddad, 66.
Assim que Paulo Maluf chegou, Haddad fez questão de repetir: "O repórter quis saber
meu voto, e eu disse que o escolhi porque o sr. é honesto...".
O advogado foi um dos eleitores que fizeram do ex-governador o deputado federal mais votado nas eleições deste domingo, depois de perder as quatro
últimas eleições que disputou.
Até a 1h39 de hoje, com 98,40%
dos votos apurados em São
Paulo, ele tinha 3,67% dos votos (729.831) e estava em primeiro, seguido por Celso Russomano, com 2,85% dos votos,
e por Clodovil Hernandez, do
PTC, com 2,45%.
Nas últimas eleições, o acreano Enéas Ferreira Carneiro, 63,
presidente do Prona, tornou-se
o deputado federal mais votado
da história do país, ao ser escolhido por 1.573.112 eleitores.
Acompanhado de dona
Sylvia, Paulo Maluf não quis
declarar o voto.
Maluf diz que não teme ser
impugnado caso ganhe. "Absolutamente, porque a injustiça
que cometeram contra mim ficou caracterizada pela decisão
do Supremo", diz.
Prefeito de São Paulo entre
1993 e 1996, Maluf é réu em
processos criminais por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha.
Responde ainda em ações cíveis por improbidade administrativa (má gestão pública).
No ano passado, Maluf e o filho Flávio ficaram 40 dias presos na sede da Polícia Federal
de São Paulo sob a acusação de
tentar interferir no processo.
Uma escuta telefônica relevou
que Flávio tentou influenciar
no depoimento de um doleiro
contra os Maluf.
Ao ser eleito, o ex-prefeito
ganha foro privilegiado nos
processos criminais. As ações
que hoje são movidas pela Procuradoria Regional da República paulista passarão para a Procuradoria Geral da República,
em Brasília. As ações cíveis não
mudam de instância.
Na "entrevista" concedida
ontem, que começa com uma
espécie de resposta gigante
sem pergunta, ele vai falando
de sua "campanha limpa" durante "sete meses" e "mais de
800 debates", sem "declaração
contra nenhum candidato"...
Pelas suas afirmações, ele e
Lula têm algo em comum. Diz
que nem sempre é possível saber quando algum assessor embolsa dinheiro público: "Às vezes um funcionário comprava
material superfaturado para alguma obra, e eu não sabia. Assim que se comprovava a culpa
da pessoa, eu mandava demiti-la imediatamente", afirma.
Segundo Maluf, pode acontecer com qualquer um: "[ironizando] O Fernando Henrique
vendeu a Vale do Rio Doce por
R$ 3 bilhões, quando a companhia valia R$ 150 milhões. Provavelmente, não sabe explicar
quem ficou com o saldo", diz.
Para o repórter: "Você sabe
me explicar, por exemplo, como esses celulares entregues
de maneira criminosa nas penitenciárias são usados, se ali não
há tomadas? Como os presos
carregam os aparelhos?"
O sr. não sabe explicar, dr.
Paulo -já que esteve detido)?
Ele encerra a entrevista e vai-se embora.
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