São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2006

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Maluf lidera lista de deputados mais votados

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Paulo Maluf e seus correligionários se recusaram a usar o nariz de palhaço que um grupo de manifestantes oferecia ontem, na porta do colégio Sacre Coeur de Marie (zona oeste), onde o candidato a deputado federal (PP-SP) votou.
"Estamos aqui em protesto contra os políticos brasileiros que nos fazem de palhaços", dizia Sérgio Morisson, 30, que trabalha com projetos sociais e levou 2.000 narizes para distribuir ao som de U2 e Cazuza. Policiais militares presentes no local impediram que Morisson e seus companheiros ficassem na porta do colégio.
"Vou votar no dr. Paulo porque ele é honesto, inteligente e bom político", explicou o advogado Antônio José Haddad, 66.
Assim que Paulo Maluf chegou, Haddad fez questão de repetir: "O repórter quis saber meu voto, e eu disse que o escolhi porque o sr. é honesto...".
O advogado foi um dos eleitores que fizeram do ex-governador o deputado federal mais votado nas eleições deste domingo, depois de perder as quatro últimas eleições que disputou. Até a 1h39 de hoje, com 98,40% dos votos apurados em São Paulo, ele tinha 3,67% dos votos (729.831) e estava em primeiro, seguido por Celso Russomano, com 2,85% dos votos, e por Clodovil Hernandez, do PTC, com 2,45%.
Nas últimas eleições, o acreano Enéas Ferreira Carneiro, 63, presidente do Prona, tornou-se o deputado federal mais votado da história do país, ao ser escolhido por 1.573.112 eleitores.
Acompanhado de dona Sylvia, Paulo Maluf não quis declarar o voto.
Maluf diz que não teme ser impugnado caso ganhe. "Absolutamente, porque a injustiça que cometeram contra mim ficou caracterizada pela decisão do Supremo", diz.
Prefeito de São Paulo entre 1993 e 1996, Maluf é réu em processos criminais por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. Responde ainda em ações cíveis por improbidade administrativa (má gestão pública).
No ano passado, Maluf e o filho Flávio ficaram 40 dias presos na sede da Polícia Federal de São Paulo sob a acusação de tentar interferir no processo. Uma escuta telefônica relevou que Flávio tentou influenciar no depoimento de um doleiro contra os Maluf.
Ao ser eleito, o ex-prefeito ganha foro privilegiado nos processos criminais. As ações que hoje são movidas pela Procuradoria Regional da República paulista passarão para a Procuradoria Geral da República, em Brasília. As ações cíveis não mudam de instância.
Na "entrevista" concedida ontem, que começa com uma espécie de resposta gigante sem pergunta, ele vai falando de sua "campanha limpa" durante "sete meses" e "mais de 800 debates", sem "declaração contra nenhum candidato"...
Pelas suas afirmações, ele e Lula têm algo em comum. Diz que nem sempre é possível saber quando algum assessor embolsa dinheiro público: "Às vezes um funcionário comprava material superfaturado para alguma obra, e eu não sabia. Assim que se comprovava a culpa da pessoa, eu mandava demiti-la imediatamente", afirma.
Segundo Maluf, pode acontecer com qualquer um: "[ironizando] O Fernando Henrique vendeu a Vale do Rio Doce por R$ 3 bilhões, quando a companhia valia R$ 150 milhões. Provavelmente, não sabe explicar quem ficou com o saldo", diz.
Para o repórter: "Você sabe me explicar, por exemplo, como esses celulares entregues de maneira criminosa nas penitenciárias são usados, se ali não há tomadas? Como os presos carregam os aparelhos?"
O sr. não sabe explicar, dr. Paulo -já que esteve detido)?
Ele encerra a entrevista e vai-se embora.


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