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Homem da mala com R$ 1,7 mi enterra candidatura do PT
MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT paulista já andava manco depois da crise do mensalão,
que envolveu não só as figuras
ilustres que fundaram o partido, como José Dirceu e José
Genoino, mas também lideranças expressivas do ABC, como
João Paulo Cunha, Professor
Luizinho e José Mentor.
A crise do dossiê foi o solavanco mortal que minou as pretensões futuras do senador
Aloizio Mercadante. O líder do
governo no Senado sai da eleição bem menor do que entrou.
A derrota no Estado seria
uma fatura já esperada, mas
Mercadante não contava com o
abalo de sua relação com o presidente Lula.
Hamilton Lacerda, o homem
apontado pela Polícia Federal
como o portador da mala de dinheiro (R$ 1,7 milhão) que pagaria o dossiê dos Vedoin contra políticos do PSDB, não era
apenas um dos coordenadores
da campanha de Mercadante.
Foi contratado como assessor
parlamentar do senador em
março deste ano.
"Ninguém aqui no ABC sabia
que ele era assessor do Mercadante", contou um petista da
região. Antes mesmo do dia da
eleição, políticos do ABC já diziam em reuniões privadas que
foi um equívoco ter avalizado a
candidatura de Mercadante.
"Marta teria mais chances", arrependiam-se petistas.
No raciocínio pós-eleitoral
feito no PT paulista, o pleito de
2006 credenciou, internamente, a ex-prefeita Marta Suplicy
para a disputa da prefeitura de
São Paulo em 2008.
Marta cumpriu uma missão
partidária, dizem. Perdeu a
prévia para Mercadante. Assimilou. Foi a todos os comícios
no Estado com a presença de
Lula e Mercadante.
Apostar que ela já é a escolhida para disputar a prefeitura,
porém, é bastante temerário.
A lição das duas crises, para
os petistas, é que novas lideranças e interlocutores precisam
ser formados. "Acabou a fase de
celebridades", avisa um integrante da cúpula. Isso significa
que Marta precisará conquistar
outras correntes petistas.
"A militância vai querer entrar no jogo. Não dá mais para
ninguém ter poder absoluto.
Eu defendo a requalificação do
PT", afirma o líder do governo
na Câmara, o paulista Arlindo
Chinaglia. Apesar de admitir o
desgaste da legenda no Estado,
Chinaglia ressalva: "Não analiso o PT paulista apenas pelos
episódios ruins. Ele tem uma
história. O PT, primeiro, tem
que recuperar a sua autoridade
na sociedade", explica.
É consenso que começa uma
disputa por hegemonia no PT.
Mas os petistas sabem que a
guerra fratricida será, novamente, mortal. Toda briga interna do PT que se torna pública, por inabilidade de seus políticos, fragiliza a legenda. A história já se repetiu bastante.
Novas promessas
Outro consenso é que, se Lula for eleito e não fizer um bom
governo, o projeto de 2008 em
São Paulo está automaticamente ameaçado.
O grupo da ex-prefeita também engajou-se na eleição do
ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. Se eleito, Palocci
volta para a Câmara credenciado para a chamada operação de
bastidores. Ele não ocuparia
nenhum posto chave num
eventual governo Lula. Mas jamais deixará de ser interlocutor respeitado.
João Paulo Cunha também
pode voltar. Mas nenhum deles
ousará disputar poder no PT,
pelo menos por enquanto. Há
novas promessas do PT paulista na Câmara: José Eduardo
Cardozo, Arlindo Chinaglia e
Vicentinho. Nomes que podem
entrar na disputa pela presidência da Casa. Uma briga que
antecede 2008, mas também
crucial para a hegemonia dos
paulistas, que vão disputar com
os petistas do resto do país.
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