Tucanos comandam o Estado há 20 anos, mas candidato do partido não teve desta vez apoio do senador Tasso Jereissati

Cid Gomes, do PSB, leva ao comando também o PMDB e o PT; PSDB não deve fazer oposição sistemática ao novo governo

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O candidato do PSB ao governo do Ceará, Cid Gomes, 43, irmão do ex-ministro e ex-governador do Estado Ciro Gomes, foi eleito ontem no primeiro turno, desbancando o tucano Lúcio Alcântara, 63.
Pelos dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), com 99,50% dos votos apurados, Cid tinha 62,35% dos votos válidos até as 22h15. Alcântara estava com 33,89% dos votos.
O resultado representa a saída do poder do partido que há 20 anos é hegemônico no Ceará: o PSDB do senador Tasso Jereissati. Com Cid, ascendem ao poder o PT e o PMDB.
Sem o apoio de Tasso-o maior cacique político do próprio partido, desde o início do processo eleitoral-, Lúcio procurou demonstrar independência, mas também laços até com Lula (PT), omitindo, na campanha, seus vínculos com o tucano Alckmin. Nada, porém, foi suficiente.
Ontem, durante a votação, Lúcio já demonstrava não acreditar em uma virada. "Vitória na eleição não é o único valor que se deve cultivar na política. Há outros valores que estão acima deste, como dignidade pessoal, a preservação da biografia, da sua história", disse.
Se, por um lado, a vitória de Cid representa a chegada ao poder de partidos como o PT e o PMDB, que sempre estiveram na oposição a Tasso, seu governo não deverá ser contrário a tudo o que foi feito no passado, tanto por Tasso como por seu irmão Ciro. Para Ciro, Cid representa o novo porque inova suas próprias práticas e não traz vícios do passado. "A eventual consangüinidade dele comigo apenas dá a ele um nexo, porque ninguém precisa ser novo necessariamente negando o passado", disse o ex-ministro, eleito deputado federal pelo mesmo partido do irmão.
Quando seu irmão Ciro, 49, foi eleito governador do Estado, em 1990, Cid iniciou sua carreira política ganhando o primeiro mandato de deputado estadual pelo PSDB. Ficou no partido até Ciro romper com os tucanos e sair para o PPS. Em 1996, foi eleito prefeito de Sobral, numa coligação com o PT e o PSDB. Ficou na prefeitura do município até 2004.
Sobre o futuro, Tasso disse que seu PSDB não deverá integrar o novo governo de Cid, mas também não fará uma oposição sistemática. Ciro, por sua vez, disse que o irmão poderá procurar os tucanos para compor uma maioria.


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