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Morador tem preocupação com o corpo e com a alma
Pesquisa do Datafolha mostra que o habitante
dessa região da cidade dedica atenção especial ao
corpo e à saúde, mas também não descuida do lado espiritual. Quando se trata de questões polêmicas, como o aborto ou a descriminalização da maconha, ele defende posições liberais
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles se preocupam com a saúde e
com o corpo. Comem mais salada do
que a média dos habitantes da cidade e
são os que mais freqüentam academias. Costumam sair de São Paulo nos
finais de semana, mas estão satisfeitos
em morar na cidade. De acordo com a
pesquisa do Datafolha, essas são algumas características comuns aos moradores da região Jardins/centro-sul,
que engloba os distritos Campo Belo,
Consolação, Itaim Bibi, Jardim Paulista, Moema, Saúde e Vila Mariana.
De acordo com o levantamento, 25%
dos entrevistados fazem caminhadas,
11% são adeptos da ginástica e 10%
praticam musculação -no total, 39%
deles freqüentam academias.
A tradutora Rosana Alves (idade
não-revelada), que mora na Vila Mariana, representa bem o habitante da
região. Ela corre diariamente no parque Ibirapuera, onde leva a cadela
Dolly para passear. "Eu também jogo
vôlei e basquete e faço musculação",
diz ela, que mora há quatro anos na região e considera "um privilégio" viver
perto do parque. Ela procura comer
alimentos saudáveis e, assim como para 6% dos entrevistados, as saladas
não podem faltar em seu prato.
Em relação à religião, a tradutora é
católica -bem como 58% dos entrevistados. Nessa área, no entanto, o número de espíritas (12%) é bastante superior à média da cidade (6%), e uma
parte considerável dos moradores
(11%) afirma que não tem religião.
Espiritismo
Entidades religiosas contatadas pela
Folha nesse pedaço nobre de São Paulo afirmam que o número de adeptos
vem aumentando nos últimos anos.
"Começamos a dar passes [no espiritismo, a palavra significa algo como
transmissão de energia] em uma única
sala. Hoje, já usamos três ambientes e
ampliamos os dias de funcionamento", diz Kiyoko Nishikawa, 62, coordenadora do Grupo Noel, de orientação
espírita. De acordo com ela, cerca de
mil pessoas freqüentam a entidade da
Vila Mariana aos sábados.
"Os motivos que trazem as pessoas
aqui são muitos. Mas, no geral, elas
sempre buscam esperança. Com a vida que se leva hoje em dia, é muito difícil manter o equilíbrio interior", diz
a espírita Kiyoko.
A aposentada Maria Lúcia Calafiori,
53, criada em família católica, decidiu
seguir o espiritismo há nove anos.
"Achei que era hora de começar a
cuidar do espírito. Em casa, sou a única que pratica essa religião. Meus filhos não acreditam e meu marido fica
em cima do muro", afirma ela, que é
voluntária de evangelização infantil.
De acordo com os dados da pesquisa, os moradores dessa região de
São Paulo exibem um perfil liberal no
que se refere a questões morais. Para
26% dos entrevistados pelo Datafolha
na área, o aborto deveria ser permitido em mais situações -hoje, ele é admitido em casos de estupro ou quando a mãe corre risco de morte durante a gestação. No restante da cidade, a
média é de 18%.
"Eu acredito que a mãe tem o direito de querer ou não, independentemente da forma como foi gerada a
criança. Acho melhor não nascer do
que ser uma pessoa problemática",
diz a dona-de-casa Silvia Ulmer, 55,
moradora do Brooklin, em Moema.
Com relação à maconha, 24% opinam na região que o uso da droga deveria deixar de ser crime -a média,
na cidade, é de 15%.
"Não acho a maconha pior do que
cigarro ou álcool. E considero o
exemplo da Holanda bem-sucedido:
li que nesse país os usuários não costumam migrar para outras drogas
mais fortes, o que acontece em países
onde ela é proibida. Além disso, a criminalidade diminui", afirma o empresário Mario Telles de Menezes
Manzoli, 31, morador do Itaim Bibi.
Ele acredita que, no futuro, o uso da
droga será liberado.
"A cada dia, mais nações dão passos
nessa direção", afirma. Como exemplo, ele lembra o caso do Reino Unido, onde foi estabelecida a não-punição do consumo e da posse de pequena quantidade de maconha, em janeiro deste ano.
Lazer e cultura
Além de viajar a lazer nos finais de
semana (71%), os moradores da região aproveitam o tempo livre para ir
ao cinema -69% freqüentam pelo
menos uma vez por semana-, para
assistir a peças de teatro (51% vão semanalmente), ir a shows (52%) e alugar DVDs (34%). Para Silvia, o melhor programa é ir a livrarias -tipo
de diversão compartilhada por 62%.
E, assim como Rosana, 87% dos entrevistados costumam freqüentar
parques. Na região, além do Ibirapuera, existe o Trianon.
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