São Paulo, domingo, 03 de abril de 2005

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JOÃO PAULO 2º

A MORTE DO PAPA

Sepultamento deverá ser na quinta ou na sexta

Enterro não marcará fim das homenagens a João Paulo 2º, que deverão contar com a presença de diversos líderes internacionais, como Lula e Bush

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Não está ainda definida a data do sepultamento de João Paulo 2º. Mas ele deverá ocorrer entre o quarto e o sexto dia após sua morte. Ou seja, entre quarta e sexta-feira. O prazo foi definido pelo próprio João Paulo 2º, em decisão apostólica publicada em 1996, a "Universi Dominici Gregis", que contém um cronograma detalhado de tudo o que acontecerá até a escolha de seu sucessor.
A data será fixada pela "congregação geral", colegiado chefiado pelo camerlengo, designação do administrador interino da igreja para questões apenas administrativas, e formado pelos cardeais que já tenham chegado a Roma para o conclave. Segundo a France Presse, a congregação se reunirá pela primeira vez amanhã. Jornais italianos dizem que os funerais não serão antes de quinta.
O cargo de camerlengo é ocupado até a eleição do novo papa pelo cardeal espanhol Eduardo Martínez Somalo.
O ritual a ser mais uma vez respeitado determina que, antes de ser sepultado, o corpo do papa fique exposto por três dias na basílica de São Pedro. Se a câmara ardente for aberta na segunda-feira, o sepultamento se dará na quinta.
O sepultamento de João Paulo 2º não encerrará as cerimônias de luto e a sucessão de missas em sua homenagem. O cerimonial deve durar nove dias, período chamado de "novemdiales" pela antiga tradição vaticana.
Esses ofícios religiosos estão marcados não só para a basílica de São Pedro -apenas os cardeais poderão oficiá-los- mas também para as demais igrejas romanas sob controle do papa, que se chama "sumo pontífice" não porque seja o bispo de todos os católicos, mas por ser a maior autoridade eclesiástica de Roma.
As disposições deixadas em 1996 por João Paulo 2º são bastante detalhadas. Determinou, por exemplo, que os integrantes da congregação geral definirão até mesmo o orçamento com a previsão de despesas com os funerais.
Antes que o corpo seja exposto no Vaticano, o papa morto não poderá ser filmado ou fotografado. João Paulo 2º reiterou recomendação idêntica feita pelos últimos papas para evitar a repetição de um incidente ocorrido em 1958, quando o médico particular de Pio 12 vendeu fotografias do cadáver, o que provocou indignação entre os católicos
O corpo, segundo outra instrução póstuma, só poderá ser exposto quando estiver vestido com os trajes pontificais.
A missa de corpo presente será o principal momento de todo o ritual. Ela deverá durar cerca de duas horas e meia. Será assistida facultativamente pelos cardeais com mais de 80 anos e obrigatoriamente pelos 117 que não chegaram a essa idade e por isso participarão do conclave. É também essa a missa presenciada por governantes estrangeiros. O oficiante principal será o cardeal alemão Joseph Ratzinger, o decano.
Só nos próximos dias serão conhecidos os nomes dos monarcas, presidentes e chefes de governo que estarão em Roma. Mas a Associated Press disse que o presidente americano, George W. Bush, será um deles. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, será um outro.
O governo italiano e a prefeitura de Roma esperam que 2 milhões de pessoas tentem ver o corpo do papa e participar das cerimônias. Foi já ontem à noite acionado um mecanismo de emergência nos aeroportos, estações ferroviárias, rodovias e trânsito urbano.
A missa terminará com o caixão do papa sendo transportado até a cripta. O sepultamento propriamente dito será apenas presenciados por familiares e amigos mais próximos.
O caixão, de madeira, será coberto por um invólucro de chumbo e em seguida por um outro de carvalho. O sarcófago de mármore será coberto por uma lápide de pedra. João Paulo 2º será o 148º papa a ser sepultado na cripta.
Rumores insinuavam que o corpo, ou ao menos separadamente o coração, poderia ser transportados para a Polônia. Mas não foram essas as instruções que o próprio papa deixou. Ontem à tarde, antes mesmo da morte, um dos prelados anunciou que João Paulo 2º pertence a todos os cristãos, e não apenas a uma parte deles.


Com agências internacionais


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