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JOÃO PAULO 2º
A MORTE DO PAPA
Sepultamento deverá ser na quinta ou na sexta
Enterro não marcará fim das homenagens a João Paulo 2º, que deverão contar com a presença de diversos líderes internacionais, como Lula e Bush
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Não está ainda definida a data
do sepultamento de João Paulo 2º.
Mas ele deverá ocorrer entre o
quarto e o sexto dia após sua morte. Ou seja, entre quarta e sexta-feira. O prazo foi definido pelo
próprio João Paulo 2º, em decisão
apostólica publicada em 1996, a
"Universi Dominici Gregis", que
contém um cronograma detalhado de tudo o que acontecerá até a
escolha de seu sucessor.
A data será fixada pela "congregação geral", colegiado chefiado
pelo camerlengo, designação do
administrador interino da igreja
para questões apenas administrativas, e formado pelos cardeais
que já tenham chegado a Roma
para o conclave. Segundo a France Presse, a congregação se reunirá pela primeira vez amanhã. Jornais italianos dizem que os funerais não serão antes de quinta.
O cargo de camerlengo é ocupado até a eleição do novo papa pelo
cardeal espanhol Eduardo Martínez Somalo.
O ritual a ser mais uma vez respeitado determina que, antes de
ser sepultado, o corpo do papa fique exposto por três dias na basílica de São Pedro. Se a câmara ardente for aberta na segunda-feira,
o sepultamento se dará na quinta.
O sepultamento de João Paulo
2º não encerrará as cerimônias de
luto e a sucessão de missas em sua
homenagem. O cerimonial deve
durar nove dias, período chamado de "novemdiales" pela antiga
tradição vaticana.
Esses ofícios religiosos estão
marcados não só para a basílica
de São Pedro -apenas os cardeais poderão oficiá-los- mas
também para as demais igrejas
romanas sob controle do papa,
que se chama "sumo pontífice"
não porque seja o bispo de todos
os católicos, mas por ser a maior
autoridade eclesiástica de Roma.
As disposições deixadas em
1996 por João Paulo 2º são bastante detalhadas. Determinou, por
exemplo, que os integrantes da
congregação geral definirão até
mesmo o orçamento com a previsão de despesas com os funerais.
Antes que o corpo seja exposto
no Vaticano, o papa morto não
poderá ser filmado ou fotografado. João Paulo 2º reiterou recomendação idêntica feita pelos últimos papas para evitar a repetição de um incidente ocorrido em
1958, quando o médico particular
de Pio 12 vendeu fotografias do
cadáver, o que provocou indignação entre os católicos
O corpo, segundo outra instrução póstuma, só poderá ser exposto quando estiver vestido com
os trajes pontificais.
A missa de corpo presente será
o principal momento de todo o ritual. Ela deverá durar cerca de
duas horas e meia. Será assistida
facultativamente pelos cardeais
com mais de 80 anos e obrigatoriamente pelos 117 que não chegaram a essa idade e por isso participarão do conclave. É também essa
a missa presenciada por governantes estrangeiros. O oficiante
principal será o cardeal alemão
Joseph Ratzinger, o decano.
Só nos próximos dias serão conhecidos os nomes dos monarcas, presidentes e chefes de governo que estarão em Roma. Mas a
Associated Press disse que o presidente americano, George W.
Bush, será um deles. O presidente
brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, será um outro.
O governo italiano e a prefeitura
de Roma esperam que 2 milhões
de pessoas tentem ver o corpo do
papa e participar das cerimônias.
Foi já ontem à noite acionado um
mecanismo de emergência nos
aeroportos, estações ferroviárias,
rodovias e trânsito urbano.
A missa terminará com o caixão
do papa sendo transportado até a
cripta. O sepultamento propriamente dito será apenas presenciados por familiares e amigos mais
próximos.
O caixão, de madeira, será coberto por um invólucro de chumbo e em seguida por um outro de
carvalho. O sarcófago de mármore será coberto por uma lápide de
pedra. João Paulo 2º será o 148º
papa a ser sepultado na cripta.
Rumores insinuavam que o corpo, ou ao menos separadamente o
coração, poderia ser transportados para a Polônia. Mas não foram essas as instruções que o próprio papa deixou. Ontem à tarde,
antes mesmo da morte, um dos
prelados anunciou que João Paulo 2º pertence a todos os cristãos, e
não apenas a uma parte deles.
Com agências internacionais
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