São Paulo, domingo, 03 de abril de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JOÃO PAULO 2º

A MORTE DO PAPA

Perda entristece o Brasil, afirma Lula

Presidente, que pretende comparecer ao funeral, decreta luto de sete dias e diz ser grato ao apoio do papa à proposta de combate mundial contra a fome

Dylan Martinez/Reuters
Velas iluminam cartaz de João Paulo 2º no chão da praça São Pedro, no Vaticano, que reuniu milhares de católicos nos últimos dias para rezar pelo papa


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em mensagem oficial que a morte de João Paulo 2º "entristece profundamente o povo brasileiro, que tinha pelo santo padre grande afeto". Lula decretou luto oficial por sete dias. O presidente pretende ir ao funeral do papa, mas não oficializou a decisão. Ao falar do papa com auxiliares ontem, Lula disse: "Ele trabalhou incansavelmente pela paz no mundo, opondo-se a guerras, como a do Iraque".
O presidente afirmou ainda ser "grato" pelo apoio de João Paulo 2º à proposta de combate mundial contra a fome apresentada pelo brasileiro à ONU (Organização das Nações Unidas). O papa enviou representante ao encontro na ONU, no ano passado.
O presidente disse ainda se recordar com "alegria e satisfação" de o papa ter recebido em 1980 um grupo de trabalhadores do qual fazia parte, em sua visita ao Brasil, numa passagem por São Paulo, no estádio do Morumbi.
"A ditadura militar era contra, mas ele recebeu a gente para mostrar seu compromisso com a luta pela democracia", declarou Lula.
Na nota divulgada no fim da tarde, Lula disse que as três visitas oficiais do papa ao Brasil serão "recordadas com viva emoção". "A canção "João de Deus", entoada espontaneamente pelo povo brasileiro, expressou essa relação de carinho e respeito." Na opinião de Lula, o papa "conduziu sua missão com energia e lucidez". Disse que não escondia o sofrimento em relação à sua saúde, o que "jamais alterou sua determinação".
Num trecho da mensagem, o presidente disse: "Em 26 anos de peregrinação às mais diferentes regiões do planeta, o papa criou uma obra rica e multifacetada, reforçando a esperança de um mundo de justiça e liberdade. Sua liderança espiritual espelhou-se na luta incansável em prol da dignidade da pessoa humana; na busca do diálogo entre culturas e religiões; na posição corajosa em favor da paz e do direito; e no grande empenho em eliminar a marginalização social e econômica de indivíduos e nações".
Lula fez menção ainda ao fato de o Brasil ser o país com maior população católica, ao afirmar que há convivência harmônica "de pessoas de variadas crenças".

Congresso e Justiça
O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), disse que o papa "foi um estadista em Cristo". "Considero-me um privilegiado por tê-lo conhecido pessoalmente." Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, declarou: "Na sua defesa incansável pela democracia, como valor universal, João Paulo 2º combateu o racismo, o autoritarismo, a miséria e atacou a insensibilidade dos mais favorecidos".
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Nelson Jobim, afirmou que o papa "foi um líder para todos os povos que sonham com um mundo livre da desigualdade, da violência e das guerras".
Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin declarou que a população paulista "está de luto e triste" pela perda de "mais do que um líder religioso". O prefeito José Serra afirmou que o papa foi "a maior figura da transição do século 20 para o século 21".


Texto Anterior: Aparecida espera 30 mil fiéis em missas
Próximo Texto: Líderes mundiais lastimam morte e frisam papel político
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.