São Paulo, domingo, 03 de abril de 2005

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Líderes mundiais lastimam morte e frisam papel político

FABIANO MAISONNAVE
DE WASHINGTON

SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES

A morte do papa, após dias de agonia, fez com que vários líderes mundiais emitissem notas de pesar minutos após a a sua morte.
O presidente George W. Bush, que deve viajar a Roma para o funeral, disse: "A Igreja Católica perdeu seu pastor. O mundo perdeu um defensor da liberdade humana, e um bom e fiel servo de Deus foi chamado para casa".
"O papa João Paulo 2º deixou o trono de são Pedro da mesma forma como ascendeu a ele -como testemunha da dignidade da vida humana. Em sua nativa Polônia, essa testemunha impulsionou uma revolução democrática que varreu o Leste Europeu e mudou o curso da história", diz a nota.
"Todos os papas pertencem ao mundo, mas os americanos tiveram uma razão especial para amar o homem de Cracóvia. Em suas visitas a nosso país, o papa falou sobre nossa Constituição "providencial", as verdades sobre a dignidade humana em nossa Declaração [da Independência] e as "bênçãos da liberdade" decorrentes delas. São essas verdades que têm levado pessoas de todo o mundo a olhar para a América com esperança e respeito", disse.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, lembrou das vezes em que esteve com o papa. "Recordo-me com afeição de meus encontros com ele, sobretudo sentado com ele em seus aposentos particulares discutindo questões de guerra e paz, quando analisávamos o que fazer em Kosovo."
"Ele estava extremamente preocupado com o mundo no qual vivíamos e, como eu, também sentia que, na guerra, todos são perdedores", acrescentou o secretário-geral da ONU.
O premiê britânico, Tony Blair, mencionou a trajetória do papa polonês desde a Segunda Guerra. "O mundo perdeu um líder religioso reverenciado por pessoas de todos os credos e de nenhum. Ele foi uma inspiração, um homem de extraordinária fé, dignidade e coragem. Através de uma vida dura e muitos vezes difícil, ele se colocou ao lado da justiça social e dos oprimidos, como um jovem enfrentando a ocupação nazista na Polônia ou, mais tarde, desafiando o regime comunista."
Seu papel político na Europa foi lembrado pelo chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder: "Ele influenciou a pacífica integração da Europa em seu pontificado de várias formas. Várias vezes, agiu com sabedoria e respeito por culturas e tradições dos povos para desenvolver soluções aos problemas da humanidade."
"O papa João Paulo 2º escreveu a história. Por seus esforços e com sua personalidade impressionante, ele mudou o nosso mundo."
O presidente de Israel, Moshe Katsav, disse: "O povo judeu recordará João Paulo 2º como alguém que se levantou com coragem e pôs fim à injustiça histórica e acabou formalmente com os preconceitos e as culpas contra os judeus que existiam nas escrituras da Igreja Católica e entre fiéis".
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, afirmou: "Sentiremos saudades de sua figura religiosa, que dedicou sua vida à paz, à liberdade e à justiça".
O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, decretou luto oficial de três dias, sem a obrigação de suspender as atividades recreativas, de acordo com a agência oficial de notícias Télam.
Kirchner não pretende ir aos funerais do pontífice, cuja morte ocorreu num momento em que a relação da Argentina, país católico, com o Vaticano atravessa crise de proporções inéditas.
Kirchner destituiu, no mês passado, o bispo militar, Antonio Baseotto. O Vaticano, que o havia designado, reagiu dizendo que poderá considerar a Argentina "sede impedida" para o exercício religioso, caso a decisão de Kirchner não seja revista.
A raiz do conflito está numa carta de reprimenda que Baseotto enviou ao ministro da Saúde argentino, Ginés González García, por suas declarações favoráveis à descriminalização do aborto.


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