São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2008

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MEDO DO ESCURO

Falta de luz e buracos nas ruas são considerados o pior da região

Escuridão é a maior queixa de moradores de Vila Maria, Mandaqui e Santana; lojistas fecham as portas antes que o sol se ponha

JOÃO PEQUENO
TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Problemas com rede elétrica e calçamento encabeçam a lista de queixas da zona norte, com 12% de reclamações cada um. A falta de luz afeta principalmente a Vila Maria (18%), Mandaqui (14%) e Santana (13%).
Na avenida das Cerejeiras, na Vila Maria, Mariza dos Santos, 41, e Eliane Aparecida do Nascimento, 36, contam que desde abril vinham fechando antes das 18h30 o brechó que haviam aberto um mês antes, por medo de assaltos, já que a iluminação pública demorava a ligar. Há menos de duas semanas, Eliane foi assaltada quase em frente ao brechó, por volta das 20h.
Na última segunda-feira, porém, as luzes funcionavam normalmente por volta das 18h30, indicando que o defeito no relé -dispositivo que liga automaticamente as lâmpadas quando escurece- fora corrigido pelo Ilume (Departamento de Iluminação Pública).
As comerciantes, porém, afirmam que a iluminação é irregular. "Tem dias em que funciona; outros, não", diz Mariza. Para Eliane a situação tem piorado por falta de policiamento. Na Vila Maria, 59% dos moradores dizem evitar certas ruas depois que escurece. O campeão neste quesito é o Jaçanã, onde 70% evitam algumas vias.
Segundo o Ilume, defeitos em relés são exceção às principais causas de falta de iluminação, que são fios velhos e furtos de cabos, cuja maior incidência está na zona norte, com 24% dos 160 km de fios furtados, em média, por mês em São Paulo.

Mandaqui
Na Vila Guacá, a cada dois meses as ruas ficam sem luz, segundo os moradores. No Jardim Calu, as luzes dos postes da rua Almirante José Saldanha da Gama queimaram há mais de seis meses e ainda não foram trocadas. Na Vila Aurora, em uma caminhada noturna, pode-se ver ruas escuras. Além da falta de iluminação, os três bairros têm outra coisa em comum: ficam no distrito do Mandaqui, onde 63% dos moradores afirmam evitam certas ruas à noite.
"Ontem mesmo aqui estava escuro. Às 18h, fecho meu salão e evito sair de casa", conta a cabeleireira Neide Nunes da Costa, 45, da Vila Guacá.
De acordo com o Ilume, a falta de luz no Mandaqui acontece porque a iluminação da região é feita com lâmpadas de vapor de mercúrio, que são antigas. A alternativa, segundo o órgão, seria trocá-las pelas de vapor de sódio, mais resistentes.
A substituição, de acordo com o Ilume, foi interrompida porque a Prefeitura de São Paulo e o governo federal, responsável pelo programa de substituição, o Reluz, chegaram a um impasse jurídico. Segundo o órgão, não há previsão de retomar o trabalho.


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