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Bush planejava
telefonar para
saudar petista
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A Casa Branca se surpreendeu com a ida de Geraldo Alckmin ao segundo
turno das eleições. George
W. Bush dava como certa a
vitória de Lula no domingo e tinha um telefonema
agendado para o Planalto
para esta semana.
Mas, desde a ida de Lula
à ONU, há duas semanas, o
tucano entrou no radar da
administração de Bush.
O alarme, segundo disse
à Folha um funcionário
de Departamento de Estado norte-americano que
prefere não ser identificado por motivos diplomáticos, foi disparado depois
da abertura da Assembléia
Geral da ONU, na terça retrasada em Nova York, em
que o americano discursou depois do brasileiro.
O escândalo do dossiê
estourara horas antes de
Lula chegar à entidade.
Foi a partir do relato negativo do estado de ânimo
de Lula e de seus assessores e das conversas que
funcionários da comitiva
brasileira mantiveram
com a norte-americana
que o Departamento de
Estado deslocou um funcionário para montar um
perfil menos protocolar
do tucano, acionando a
Embaixada dos EUA em
Brasília. Pragmático, Bush
gostou do que leu.
Ontem, a avaliação geral
era que a Casa Branca está
numa situação de "ganhar
ou ganhar", seja qual for o
resultado do segundo turno. A posição oficial, claro,
é de neutralidade.
"As eleições brasileiras
mostraram a força da democracia no continente",
disse à Folha Eric Watnik,
porta-voz do Departamento de Estado para a
América Latina. "Os EUA
esperam ter relação cordial com o líder que for o
escolhido."
Lula e Bush têm hoje
uma relação mais que cordial, mais por conta do
temperamento de ambos
do que por afinidade programática. "Bush é um
pragmático, assim como
Lula", disse o brasilianista
Thomas Skidmore.
Um presidente tucano,
no entanto, poderia aplainar a única área de tensão
entre as administrações,
que é o comércio exterior.
Especialistas consultados
pela equipe de Bush acreditam que, sob Alckmin, a
Alca poderia ir adiante.
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