São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2006

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Bush planejava telefonar para saudar petista

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

A Casa Branca se surpreendeu com a ida de Geraldo Alckmin ao segundo turno das eleições. George W. Bush dava como certa a vitória de Lula no domingo e tinha um telefonema agendado para o Planalto para esta semana.
Mas, desde a ida de Lula à ONU, há duas semanas, o tucano entrou no radar da administração de Bush.
O alarme, segundo disse à Folha um funcionário de Departamento de Estado norte-americano que prefere não ser identificado por motivos diplomáticos, foi disparado depois da abertura da Assembléia Geral da ONU, na terça retrasada em Nova York, em que o americano discursou depois do brasileiro.
O escândalo do dossiê estourara horas antes de Lula chegar à entidade.
Foi a partir do relato negativo do estado de ânimo de Lula e de seus assessores e das conversas que funcionários da comitiva brasileira mantiveram com a norte-americana que o Departamento de Estado deslocou um funcionário para montar um perfil menos protocolar do tucano, acionando a Embaixada dos EUA em Brasília. Pragmático, Bush gostou do que leu.
Ontem, a avaliação geral era que a Casa Branca está numa situação de "ganhar ou ganhar", seja qual for o resultado do segundo turno. A posição oficial, claro, é de neutralidade.
"As eleições brasileiras mostraram a força da democracia no continente", disse à Folha Eric Watnik, porta-voz do Departamento de Estado para a América Latina. "Os EUA esperam ter relação cordial com o líder que for o escolhido."
Lula e Bush têm hoje uma relação mais que cordial, mais por conta do temperamento de ambos do que por afinidade programática. "Bush é um pragmático, assim como Lula", disse o brasilianista Thomas Skidmore.
Um presidente tucano, no entanto, poderia aplainar a única área de tensão entre as administrações, que é o comércio exterior. Especialistas consultados pela equipe de Bush acreditam que, sob Alckmin, a Alca poderia ir adiante.


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