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LEGISLATIVO/CÂMARA
Só 7 partidos obtêm mais de 5% dos votos
Outras 22 legendas, que não atingiram votação exigida pelas cláusula de barreira, correm o risco de desaparecer ou de virar nanicas
Siglas que não cumpriram a lei não podem entrar no rateio de 99% do Fundo Partidário e perdem tempo de propaganda na TV
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Análise preliminar dos votos
válidos para deputado federal
em todo o país mostram que
apenas 7 dos atuais 29 partidos
políticos conseguiram ultrapassar a chamada "cláusula de
barreira", regra que sufocará
legendas que não a cumprirem.
O TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) informou que apenas
hoje apresentará o resultado
oficial. Totalização feita pela
Agência Câmara com base nos
dados do tribunal mostram, entretanto, que somente PT,
PMDB, PSDB, PFL, PP, PSB e
PDT cumpriram a exigência de
obter o mínimo de 5% dos votos válidos para deputado federal, com um piso de 2% em pelo
menos nove Estados.
O PT teria obtido 15,58% dos
votos válidos, o PMDB, 15,12%,
o PSDB, 14,13%, o PFL, 11,34%,
o PP, 7,42%, o PSB, 6,38%, e o
PDT, 5,40%.
O índice é semelhante às
duas últimas eleições para a
Câmara dos Deputados, em
1998 e 2002, quando também
só 7 dos 29 partidos obtiveram
mais de 5% dos votos válidos de
todo o país.
O que diz a lei
De acordo com a Lei dos Partidos Políticos (9.096/95), as
legendas que não atingirem a
cláusula de barreira sofrerão
três importantes restrições. A
principal delas será não entrar
no rateio de 99% do Fundo Partidário, uma das principais fontes de recurso das agremiações,
com previsão de distribuição de
R$ 118 milhões neste ano.
A segunda "baixa" será relativa ao tempo de propaganda
partidária na TV. Os "abaixo da
cláusula" perdem direito aos
blocos semestrais de 20 minutos, nacional e nos Estados,
além das inserções durante a
programação. Eles ficam apenas com um programa de dois
minutos a cada semestre.
A terceira restrição veda o
"funcionamento parlamentar"
na Câmara dos Deputados, nas
Assembléias e na Câmara Municipais, o que significa ter uma
atuação lateral nas sessões e
não ter direito à formação de
"lideranças" (gabinetes com
vários assessores) e participação nas principais comissões.
Abaixo da meta
Entre os partidos que não teriam atingido a meta da cláusula estão legendas médias como
o PTB (4,89%) e o PPS (4,04%),
além de partidos como o PC do
B (2,19%) e o PSOL (1,27%).
A elas, resta duas opções caso
não queiram desaparecer ou virarem nanicos. A primeira delas deve ser colocada em prática amanhã pelo PTB, que tem
convenção nacional marcada
para se fundir ao PSC, que elegeu nove deputados federais. O
novo partido passará com folga
a exigência da lei e, com isso,
voltará a ter os direitos de "partido grande".
Se o PTB não se fundisse, veria os recursos do fundo partidário a que tem direito diminuir dos R$ 6,8 milhões previstos neste ano para R$ 41 mil no
ano que vem.
O PPS e o PHS, que elegeu
dois deputados federais, também estudam uma fusão.
A segunda opção é a mobilização no Congresso para tentar
modificar a lei e diminuir o limite dos 5% de votos ou para
aprovar a "federação" dos partidos, que poderiam se unir como forma de atingir a meta,
sem a obrigação de se fundir.
O PC do B já manifestou a intenção de liderar um movimento na Câmara dos Deputados
com o objetivo de alterar a lei.
De acordo com o presidente
da legenda, Renato Rabelo, a
exigência da cláusula não teria
razão de existir caso sejam
aprovadas mudanças previstas
na reforma política, tais como o
financiamento público das
campanhas e a adoção de listas
fechadas para as eleições, o que
acabaria com as candidaturas
individuais.
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