São Paulo, sábado, 03 de outubro de 2009

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COI capitaliza Olimpíada inédita no Rio

Primeiros Jogos na América do Sul viram marca de legado de Jacques Rogge como presidente da entidade internacional

Votação final entre Rio e Madri escancara divisão do Movimento Olímpico entre grupos de Rogge e Samaranch, seu antecessor

DOS ENVIADOS A COPENHAGUE

A disputa travada nos bastidores entre a antiga e a atual cúpula do COI (Comitê Olímpico Internacional) deu ao Rio a vitória histórica. Com o apoio velado do presidente da entidade, Jacques Rogge, a candidatura brasileira conseguiu deixar um legado para o mandado do dirigente belga: realizar os Jogos Olímpicos na América do Sul, algo inédito até então.
A disputa final entre Rio e Madri expôs publicamente a divergência dos dois grupos que existe dentro do COI. O mais forte comandado por Rogge, que será reeleito na próxima semana. Já o outro é liderado pelos dirigentes leais ao espanhol Juan Antonio Samaranch, presidente de honra da entidade, que deixou o poder em 2000 após uma série de escândalos de corrupção no COI. O filho de Samaranch era um dos comandantes da campanha de Madri.
""A escolha do Rio foi um sinal claro que o COI deu. Todos falam dos nossos problemas, mas mostramos o outro lado da moeda. Com o apoio da grande maioria, estamos redesenhando uma nova geografia no esporte olímpico mundial ao fazer essa escolha aqui na Dinamarca. Entramos para a história", disse o italiano Mario Pescanti, aliado de Rogge e cotado como o primeiro na linha de sucessão do belga em 2013.
O resultado da eleição mostrou a força do grupo de Rogge. O Rio venceu por 66 votos contra apenas 32 de Madri.
A vitória da candidatura ocorreu depois de duas tentativas frustradas. A cidade já havia sido candidata aos Jogos de 2004 e de 2012. Apesar da diplomacia pontuar o mundo olímpico, gestos e pequenas atitudes de Rogge na campanha tiveram impacto nos bastidores da eleição de ontem.
Mesmo sem manifestar seu apoio oficial a Rio-2016, o belga já havia dado demonstrações em favor do projeto do Brasil desde 2007, quando aprovou a capacidade de organização dos brasileiros no Pan.
Desde então, ele é apenas elogios aos brasileiros. Rogge chegou até a mudar o seu discurso com relação à Copa do Mundo. Antes reticente à realização da principal competição do futebol mundial no país dois anos antes da Olimpíada, o presidente do COI se pronunciou oficialmente em favor da organização dos eventos no Brasil em intervalo de dois anos.
Segundo dirigentes do COI, o relatório da entidade mostrou a força de Rogge ao projeto brasileiro. Lanterna na primeira avaliação do COI, há mais de um ano, o Rio igualou-se aos concorrentes na segunda.
Rogge manteve as declarações diplomáticas após a vitória do Rio. ""Foi a escolha de ir para um novo continente."


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