São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

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Novos treinos sacrificam segundo piloto

Dylan Martinez/Reuters
Rubens Barrichello, que terá papel fundamental na escolha de pneus para Michael Schumacher


Para poupar concorrentes ao título, as três grandes darão trabalho extra a seus escudeiros

Uma categoria especial de pilotos começará a sofrer já nesta noite, em Melbourne, os efeitos do novo regulamento da F-1. Com a limitação de dois carros de Ferrari, Williams, McLaren e Renault nos treinos livres de sextas-feiras, caberá aos escudeiros das três grandes um sacrifício a mais.
Em 2003, a FIA (entidade máxima do automobilismo) criou o treino extra às sextas, duas horas a mais para os times que aceitassem limitar os testes privados durante o ano. Quatro -Renault, Jaguar, Minardi e Jordan- aderiram.
O objetivo era cortar custos. E funcionou. Essas equipes economizaram com deslocamentos e aluguel de autódromos durante a temporada e, treinando no mesmo ambiente onde horas depois lutariam por posições, progrediram e ganharam boa visibilidade.
Para 2004, a FIA decidiu ampliar a experiência. Mas incluiu uma salvaguarda importante na regra, visando diminuir o abismo entre as equipes: as sextas-feiras serão dedicadas apenas a treinos livres, e as seis últimas colocadas no Mundial passado poderão usar três carros e o piloto reserva.
Há, porém, dois complicadores. O primeiro, uma outra regra nova, talvez a mais badalada, que impõe a limitação de um motor por piloto por final de semana de GP. Caso o propulsor estoure, exigindo uma troca, o piloto perderá dez posições no grid. O segundo, outra novidade, que determina que a escolha entre os tipos de pneus terá que ser feita antes do primeiro treino livre de sábado.
Junte tudo isso. O resultado prático é que as equipes grandes (sem piloto de testes) pouparão os concorrentes pelo título nas sextas (para poupar motor) enquanto seus escudeiros ficarão rodando na pista, comparando diferentes compostos (afinal um tipo precisa ser definido já naquela noite).
Na Ferrari, a situação é clara. Com a disputa mais apertada, a tendência é que a escuderia dê ainda mais atenção a Michael Schumacher. Rubens Barrichello já sentiu isso na pele na pré-temporada. Treinou, com o carro novo, 50% a menos do que o hexacampeão, a maior disparidade desde que foi contratado, em 99.
Sua salvação pode ser Luca Badoer. O mistério só será totalmente desvendado hoje à noite, mas a Ferrari pode "emprestar" o piloto de testes para a Sauber, sua parceira. Como as duas equipes usam Bridgestone e o carro do time suíço é uma cópia da Ferrari do ano passado, Badoer assumiria parte dos testes com compostos.
A Williams viverá outra situação interessante. Em tese, o time não sacrificará nem privilegiará piloto algum. Mas Juan Pablo Montoya já anunciou que trocará a equipe pela McLaren em 2005.
A atitude da Williams nas sextas-feiras será um bom termômetro do tratamento que o colombiano terá ao longo do Mundial.
Na McLaren, Kimi Raikkonen deve se impor e empurrar para David Coulthard o "serviço sujo".
Fora da luta pelo título, a Renault deve dividir a função.


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