São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

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Regra e rivalidade valorizam escolha dos pneus

Laszlo Balolgh/Reuters
Funcionário da Bridgestone, que nesta temporada equipará quatro times, entre eles a Ferrari


Em seu quarto ano, francesa Michelin ameaça hegemonia dos japoneses da Bridgestone

Se o retorno da Michelin à F-1 em 2001 acabou com o monopólio da Bridgestone e trouxe mais um componente para tornar o campeonato mais disputado e menos previsível, nesta temporada a guerra dos pneus na categoria ganhou um novo elemento.
Uma nova regra da FIA exige que as equipes escolham o tipo de compostos que irão usar durante todo final de semana antes do primeiro treino livre dos sábados.
A medida visa incentivar os pilotos a treinarem nas sextas-feiras para definir os pneus, já que esta será a única oportunidade que terão -até o ano passado, a escolha só precisava ser feita antes da classificação, na tarde de sábado.
Mas a mudança gerou uma chiadeira generalizada das equipes. Elas alegam que no ano passado podiam usar três jogos de pneus para apenas uma hora de treinos às sextas, enquanto que agora terão o mesmo número de compostos para uma hora a mais.
"Três jogos de pneus em duas horas é ridículo", esbravejou Pat Symonds, engenheiro-chefe da Renault, cliente da Michelin.
Para os times, o ideal seria esperar até o início da tarde para escolher o tipo de pneu, já que a pista estaria mais emborrachada e as condições, teoricamente, mais semelhantes às da classificação.
Juntando essa regra com o fato de os times só poderem usar um motor por piloto a cada corrida, a situação torna-se mais complicada.
Prevendo isso, as equipes se adiantaram e, durante a pré-temporada, realizaram testes com todos os cenários possíveis em circuitos que recebem etapas do Mundial de F-1, como Barcelona, Silverstone e Imola.
Com esses dados em mãos, pretendem economizar ao máximo o tempo que seus carros ficarão na pista durante cada final de semana e minimizar o risco de desgastar demais seus propulsores.
Outro componente importante na guerra dos pneus será o fato de a fabricante francesa ter crescido muito na última temporada.
Depois de ver sua rival praticamente monopolizar as vitórias no Mundial de 2002 -foram 15 triunfos da Bridgestone e apenas dois seus-, no ano passado a Michelin conseguiu equilibrar a disputa: venceu sete vezes contra nove da fabricante japonesa.
Na pré-temporada, por exemplo, a maior surpresa foi a BAR, que trocou os compostos da Bridgestone pelos franceses. O time conseguiu quebrar três vezes o recorde da pista de Barcelona e é apontado como uma das incógnitas para esta temporada.
Em 2004, apesar de a Bridgestone calçar apenas quatro times -Ferrari, Sauber, Jordan e Minardi-, sua "responsabilidade" parece ser maior que a da rival.
Na Europa, muitos já dão como certa a aposentadoria de Michael Schumacher caso ele não consiga seu sétimo título neste ano. Preocupados, os japoneses reconhecem o erro de 2003, mas afirmam que já corrigiram a rota. "Fomos muito conservadores no ano passado", declarou o diretor de desenvolvimento da Bridgestone, Hirohide Hamashima.


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