São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

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E um dia a F-1 já foi um passatempo

Entenda as complicadas novidades do regulamento, criadas sob medida para brecar o domínio da Ferrari no campeonato

Motor

A regra
Cada piloto terá direito a apenas um motor por final de semana. Em caso de quebra, cada troca de propulsor custará dez posições no grid. Se um novo motor for usado entre o treino de definição do grid e a corrida, o piloto irá para a última posição

Como a FIA fará a fiscalização?
Os motores serão lacrados para garantir que nenhuma peça vital seja substituída. Serão permitidas, porém, trocas de componentes periféricos, como a bomba de gasolina

Se o piloto bater em um treino livre?
Se o choque não afetar a traseira, o motor poderá ser colocado no carro reserva e, dessa forma, o piloto continuará participando normalmente do final de semana. Mas se o motor for atingido e não puder ser reutilizado, o piloto perderá os dez postos no grid

Como poupar o motor?
As equipes chegarão aos GPs com ainda mais informações prévias, incluindo uma pré-seleção do tipo de pneu, para economizar tempo de pista. O desafio será maior nos dois circuitos estreantes e naqueles que não recebem testes durante a temporada

Como isso afetará as relações nas equipes grandes?
Ferrari, McLaren, Williams e Renault não poderão usar pilotos de testes nas sextas-feiras. Em caso de dúvidas no acerto ou na escolha dos pneus, o segundo piloto fatalmente acabará sacrificado

Aerodinâmica

A regra
O aerofólio traseiro terá no máximo duas lâminas

O que vai acontecer com os carros?
Ficarão mais instáveis nas curvas e portanto mais perigosos. Nas retas, porém, ganharão velocidade, com menos arrasto

Eletrônica

A regra
A partir desta temporada, estão proibidos o câmbio automático e o controle de largada. O controle de tração, no entanto, continua liberado

Como os pilotos trocarão as marchas?
Como faziam até 2002. Ou seja, usando as borboletas posicionadas atrás do volante

Como a FIA vai diferenciar o controle de tração do controle de largada?
Será uma tarefa complicada, já que o princípio é o mesmo rodas patinem. Provavelmente, surgirão acusações, ao longo do ano, de que este ou aquele time está camuflando o sistema

Treino oficial

A regra
O grid será definido em uma sessão única dividida em duas partes. A ordem de entrada na primeira metade seguirá a classificação do GP anterior: o vencedor abrirá o treino. O mais rápido na primeira metade será o último a ir à pista na segunda e assim por diante

A primeira metade valerá para o grid?
Não. O início valerá apenas para definir a ordem da segunda metade. Mesmo se o piloto for mais rápido na primeira metade, ficará valendo o tempo de sua última volta

Se o piloto bater ou o carro quebrar na primeira parte do treino?
O piloto terá que abandonar o carro titular e ir para o reserva. Ou seja, trocará de motor e perderá dez posições. Assim, se o carro não estiver avariado, os pilotos farão de tudo para arrastá-lo aos boxes

O carro poderá ser ajustado entre uma metade e outra?
Sim. Já o reabastecimento está proibido a partir do intervalo. Como em 2003, a gasolina do final do treino será a mesma da largada

E se chover?
Se houver previsão de chuva no final de sessão, os pilotos poderão propositalmente andar devagar, para entrar o mais cedo possível na parte decisiva do treino. Se acontecer o contrário, chuva no começo do treino, irão à pista com o mínimo de gasolina e arriscarão tudo, na luta para serem os últimos na hora decisiva, com a pista mais seca

Como esse sistema afetará a estratégia?
Com tempo seco, ninguém arriscará muito na primeira parte, já que uma saída da pista poderá custar dez posições no grid. Para os pilotos que ficarem no fundo do grid, pode valer a pena trocar o motor e cair para a última posição - a corrida não seria muito prejudicada

Pit stops

A regra
A velocidade máxima nos boxes passou de 80 km/h para 100 km/h

O que isso vai acarretar?
Os pits serão mais rápidos e, portanto, poderão ser feitos com mais frequência, aumentando o leque de estratégias das equipes

Treinos livres

A regra
A sexta-feira não valerá para o grid. O dia terá duas sessões de uma hora (das 11h ao meio-dia e das 14h às 15h), nas quais as equipes poderão usar até três pilotos quatro primeiras colocadas no último Mundial

Todas as equipes autorizadas usarão pilotos de testes nas sextas-feiras?
Em princípio, sim. Algumas, por opção técnica: Toyota (Ricardo Zonta), BAR (Anthony Davidson), Jordan (Timo Glock) e Jaguar (Bjorn Wirdheim). A Minardi alugará o carro. A Sauber vive um caso à parte: seu terceiro carro deve ser de Luca Badoer, piloto de testes da Ferrari, e as informações serão compartilhadas com o time italiano

O piloto de testes só poderá usar um carro?
Não. E essa é uma brecha importante do regulamento. Zonta, por exemplo, poderá começar a sexta com o carro C da Toyota. O time, depois, pode proclamar o carro B como sendo o de testes e, mantendo seu lote de pneus, Zonta pode testá-lo. O mesmo pode ser feito com o carro A. Assim, se um motor estourar com ele, a punição será inócua


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