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ELEIÇOES 2004
SÃO PAULO
SERRA E MARTA DISPUTAM 2º TURNO
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
As urnas paulistanas confirmaram a polarização entre PSDB (José Serra) e PT (Marta Suplicy),
que disputarão no dia 31 o segundo turno em confronto que promete se tornar dominante no cenário político-eleitoral não apenas em São Paulo (capital e Estado) mas em todo o país.
O duelo PT/PSDB se reproduzirá em sete outras cidades de mais
de 200 mil habitantes, as únicas
em que a legislação prevê a hipótese de segundo turno, sem contar
outras sete para as quais não havia resultados definitivos até o fechamento desta edição.
Mas a nova polarização perdeu
boa parte de suas características
ideológicas por causa da forte guinada do PT para o centro, repetindo a viagem que o PSDB fizera
antes, a partir da eleição de 1994.
Ficou, no entanto, a paixão quase de clube de futebol entre dirigentes, militantes e, em menor
medida, eleitores dos dois partidos -o que promete transformar
o turno decisivo em uma disputa
ainda mais tensa e aguda.
Mas, em São Paulo, a distância
entre Serra e Marta foi maior do
que a apurada nas pesquisas mais
recentes. Com 98% da apuração,
as urnas davam a Serra 43,58%
(2,634 milhões de votos, contra
2,163 milhões de Marta, correspondentes a 35,78%). Paulo Maluf (PP) ficava em um distante terceiro lugar, com 11,94% dos votos.
O tema da polarização PT/
PSDB tornou-se tão dominante
que até o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso tocou nele ao
afirmar que "é bom que haja equilíbrio de poder", porque, disse, "o
PT e seus aliados estão querendo
tomar conta de tudo", no relato
de Frederico Vasconcelos.
O chefe da Casa Civil, José Dirceu, entremeou farpas aos tucanos com uma frase de certa forma
similar à do ex-presidente: "O
país caminha para ter dois grandes partidos, o PT e o PSDB. É
bom para a democracia", disse,
no relato de Eduardo Scolese.
Se o dia da votação acaba sendo
uma espécie de início da campanha do segundo turno, o PSDB teve a vantagem de exibir o governador Geraldo Alckmin, enquanto o PT não contou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula nem acompanhou Marta
Suplicy à votação nem repetiu declarações de apoio à ela, conta Julia Duailibi. Limitou-se a dizer
que "o povo vai saber escolher o
melhor" e que ele, Lula, conviverá
com o resultado, como é óbvio.
Mas o presidente deverá gravar
nova mensagem de apoio à prefeita, como fez no primeiro turno,
entrando também no campo do
Fla-Flu político. Marta estuda a
possibilidade de se licenciar do
cargo na segunda quinzena para
se dedicar só à eleição, informam
Chico de Gois e Pedro Dias Leite.
Efeito colateral da polarização
foi o encolhimento da candidatura de Maluf, que, pela primeira
vez, não coloca ele próprio ou
candidato por ele indicado entre
os dois primeiros em São Paulo.
O relato de Lilian Christofoletti
é eloqüente: "O candidato Paulo
Maluf (PP) abandonou ontem o
tradicional otimismo e, pela primeira vez, parecia sentir o peso da
derrota mais desastrosa de sua
carreira política".
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