São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2004

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ELEIÇOES 2004

SÃO PAULO

SERRA E MARTA DISPUTAM 2º TURNO

CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA

As urnas paulistanas confirmaram a polarização entre PSDB (José Serra) e PT (Marta Suplicy), que disputarão no dia 31 o segundo turno em confronto que promete se tornar dominante no cenário político-eleitoral não apenas em São Paulo (capital e Estado) mas em todo o país.
O duelo PT/PSDB se reproduzirá em sete outras cidades de mais de 200 mil habitantes, as únicas em que a legislação prevê a hipótese de segundo turno, sem contar outras sete para as quais não havia resultados definitivos até o fechamento desta edição.
Mas a nova polarização perdeu boa parte de suas características ideológicas por causa da forte guinada do PT para o centro, repetindo a viagem que o PSDB fizera antes, a partir da eleição de 1994.
Ficou, no entanto, a paixão quase de clube de futebol entre dirigentes, militantes e, em menor medida, eleitores dos dois partidos -o que promete transformar o turno decisivo em uma disputa ainda mais tensa e aguda.
Mas, em São Paulo, a distância entre Serra e Marta foi maior do que a apurada nas pesquisas mais recentes. Com 98% da apuração, as urnas davam a Serra 43,58% (2,634 milhões de votos, contra 2,163 milhões de Marta, correspondentes a 35,78%). Paulo Maluf (PP) ficava em um distante terceiro lugar, com 11,94% dos votos.
O tema da polarização PT/ PSDB tornou-se tão dominante que até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tocou nele ao afirmar que "é bom que haja equilíbrio de poder", porque, disse, "o PT e seus aliados estão querendo tomar conta de tudo", no relato de Frederico Vasconcelos.
O chefe da Casa Civil, José Dirceu, entremeou farpas aos tucanos com uma frase de certa forma similar à do ex-presidente: "O país caminha para ter dois grandes partidos, o PT e o PSDB. É bom para a democracia", disse, no relato de Eduardo Scolese.
Se o dia da votação acaba sendo uma espécie de início da campanha do segundo turno, o PSDB teve a vantagem de exibir o governador Geraldo Alckmin, enquanto o PT não contou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula nem acompanhou Marta Suplicy à votação nem repetiu declarações de apoio à ela, conta Julia Duailibi. Limitou-se a dizer que "o povo vai saber escolher o melhor" e que ele, Lula, conviverá com o resultado, como é óbvio.
Mas o presidente deverá gravar nova mensagem de apoio à prefeita, como fez no primeiro turno, entrando também no campo do Fla-Flu político. Marta estuda a possibilidade de se licenciar do cargo na segunda quinzena para se dedicar só à eleição, informam Chico de Gois e Pedro Dias Leite.
Efeito colateral da polarização foi o encolhimento da candidatura de Maluf, que, pela primeira vez, não coloca ele próprio ou candidato por ele indicado entre os dois primeiros em São Paulo.
O relato de Lilian Christofoletti é eloqüente: "O candidato Paulo Maluf (PP) abandonou ontem o tradicional otimismo e, pela primeira vez, parecia sentir o peso da derrota mais desastrosa de sua carreira política".


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