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Ministros pedem discrição em campanha pró-Marta
EDUARDO SCOLESE
EM SÃO PAULO
Ainda na esteira da polêmica visita presidencial à inauguração de
um trecho da Radial Leste, ministros disseram ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve, mais uma vez, declarar publicamente seu voto a Marta Suplicy
(PT). Segundo eles, porém, a
atuação de Lula na campanha deve se manter discreta.
A linha ministerial é que Lula
grave novas participações nos
programas de rádio e TV de Marta, o que deve ocorrer já nesta semana, mas não suba em palanques nem use viagens da Presidência para declarar seu apoio.
Na semana passada, o Palácio
do Planalto teve de responder formalmente à Justiça Eleitoral paulista, sob a acusação do PSDB de
Lula ter cometido crime eleitoral
ao pedir votos a Marta durante
evento oficial.
Ontem, em café da manhã na
sede de campanha de Marta, Luiz
Gushiken (Comunicação de Governo), Márcio Thomaz Bastos
(Justiça), Guido Mantega (Planejamento) e Aldo Rebelo (Coordenação Política) foram na linha de
que Lula deve, sim, declarar voto
em Marta, mas sob cautela.
"Eu defendo a necessidade de
ele se posicionar numa coisa que é
absolutamente óbvia no país. Seria muito engraçado ele querer
omitir uma informação que todos
conhecem", disse Gushiken.
Thomaz Bastos, que na semana
passada afirmou que Lula cometeu um pecado perdoável ao pedir
votos num evento oficial, avalia
como positiva uma eventual iniciativa do presidente de declarar
apoio a Marta. Ele, porém, acha
improvável que Lula saia às ruas
para isso. "Tem a majestade do
cargo", afirmou. Lula tem uma
viagem pré-agendada a SP para o
próximo dia 23. Na pauta, uma visita ao Museu do Negro.
Para Mantega, não há tempo
para Lula fazer campanha. "É claro que é uma coisa discreta. Nem
tem tempo para ele fazer campanha de rua." Aldo Rebelo (PC do
B) disse que Lula tem o "direito"
para apoiar quem quiser.
À tarde, José Dirceu (Casa Civil)
aproveitou o tema da Radial Leste
para atacar os tucanos. "É natural
e legítimo que o presidente apóie
a Marta. Os tucanos é que ficaram
com medo de perder a eleição e ficaram gritando."
Em Ribeirão Preto (SP), o ministro Antonio Palocci (Fazenda)
minimizou o efeito do resultado
das eleições municipais sobre o
cenário político nacional. E, ao
contrário da avaliação de Dirceu,
disse que não há uma polarização
entre PT e PSDB.
Em Porto Alegre, o ministro
Tarso Genro (Educação) disse
que o desempenho do PT nas eleições favorece o projeto de reeleição de Lula. "O partido não vai
mais ficar centrado em torno de
duas, três ou quatro lideranças. O
PT dá um enorme salto político e
partidário de capacidade de gestão. Também dá um forte ponto
de apoio ao governo do presidente Lula, sem a menor sombra de
dúvida, e à sua reeleição."
Colaboraram as Regionais e a Agência
Folha, em Porto Alegre
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