São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2004

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Ministros pedem discrição em campanha pró-Marta

EDUARDO SCOLESE
EM SÃO PAULO

Ainda na esteira da polêmica visita presidencial à inauguração de um trecho da Radial Leste, ministros disseram ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve, mais uma vez, declarar publicamente seu voto a Marta Suplicy (PT). Segundo eles, porém, a atuação de Lula na campanha deve se manter discreta.
A linha ministerial é que Lula grave novas participações nos programas de rádio e TV de Marta, o que deve ocorrer já nesta semana, mas não suba em palanques nem use viagens da Presidência para declarar seu apoio.
Na semana passada, o Palácio do Planalto teve de responder formalmente à Justiça Eleitoral paulista, sob a acusação do PSDB de Lula ter cometido crime eleitoral ao pedir votos a Marta durante evento oficial.
Ontem, em café da manhã na sede de campanha de Marta, Luiz Gushiken (Comunicação de Governo), Márcio Thomaz Bastos (Justiça), Guido Mantega (Planejamento) e Aldo Rebelo (Coordenação Política) foram na linha de que Lula deve, sim, declarar voto em Marta, mas sob cautela.
"Eu defendo a necessidade de ele se posicionar numa coisa que é absolutamente óbvia no país. Seria muito engraçado ele querer omitir uma informação que todos conhecem", disse Gushiken.
Thomaz Bastos, que na semana passada afirmou que Lula cometeu um pecado perdoável ao pedir votos num evento oficial, avalia como positiva uma eventual iniciativa do presidente de declarar apoio a Marta. Ele, porém, acha improvável que Lula saia às ruas para isso. "Tem a majestade do cargo", afirmou. Lula tem uma viagem pré-agendada a SP para o próximo dia 23. Na pauta, uma visita ao Museu do Negro.
Para Mantega, não há tempo para Lula fazer campanha. "É claro que é uma coisa discreta. Nem tem tempo para ele fazer campanha de rua." Aldo Rebelo (PC do B) disse que Lula tem o "direito" para apoiar quem quiser.
À tarde, José Dirceu (Casa Civil) aproveitou o tema da Radial Leste para atacar os tucanos. "É natural e legítimo que o presidente apóie a Marta. Os tucanos é que ficaram com medo de perder a eleição e ficaram gritando."
Em Ribeirão Preto (SP), o ministro Antonio Palocci (Fazenda) minimizou o efeito do resultado das eleições municipais sobre o cenário político nacional. E, ao contrário da avaliação de Dirceu, disse que não há uma polarização entre PT e PSDB.
Em Porto Alegre, o ministro Tarso Genro (Educação) disse que o desempenho do PT nas eleições favorece o projeto de reeleição de Lula. "O partido não vai mais ficar centrado em torno de duas, três ou quatro lideranças. O PT dá um enorme salto político e partidário de capacidade de gestão. Também dá um forte ponto de apoio ao governo do presidente Lula, sem a menor sombra de dúvida, e à sua reeleição."


Colaboraram as Regionais e a Agência Folha, em Porto Alegre


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