PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Reina uma espécie de "martofobia" entre os eleitores que votam no Madre Alix, tradicional colégio de freiras localizado no coração do nobre Jardim Paulistano. Não é fácil achar no lugar onde a própria Marta Suplicy vota alguém que queira reelegê-la prefeita.
"Meus avós vieram da Rússia, em 1917, para viver em um país que não fosse comunista. Por isso não voto no PT de jeito nenhum", afirma a empresária Dora Rosset, de "50 e alguns anos".
Outro motivo: "Minha família é de industriais, como vou votar no PT (Partido dos Trabalhadores)? Nós damos empregos a milhares de pessoas que são contra patrão", diz Dora, que chegou para votar num Mercedes Benz. Ela vota em José Serra (PSDB), que conhece de longa data e considera "profundamente inteligente e culto".

Alguém de vermelho
Depois de algumas horas no local, procurando eleitores de Marta e de Serra, a Folha só encontrou uma petista.
Entre bolsas de grife e lenços de pescoço à francesa, finalmente surge alguém de vermelho. Um broche na forma de estrela não deixa dúvidas.
"Já fui mais partidária, mas a política anda muito complicada. Vou votar na Marta porque acho que ela fez um bom trabalho, principalmente na periferia", justifica a publicitária Mariana Citino de Arruda Botelho, 31.
Apesar de votar em Marta com convicção -e não contra Serra-, ela tem restrições ao candidato tucano.
"A campanha do Serra é machista e odiosa. Ele ataca o lado pessoal, fala da separação dela. Se a Marta ganhasse, seria um avanço social", acredita Mariana, que levou a babá dos dois filhos para votar na periferia. "Foi uma farra; ela não votou na Marta, acho que por preconceito, mas votou no vereador que eu indiquei."
Diferentemente de Dora Rosset, que chega vestindo "um mix de roupas compradas aqui e lá fora", Mariana diz que não lembra onde comprou seus sapatos vermelhos (que também são fashion), nem o jeans gasto (mas novo): "Eu não sou madame. Madame que vota na Marta só as amigas dela".


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