São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2004

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Pico do malufismo foi eleição de Pitta

DA REDAÇÃO

O malufismo obteve ontem em São Paulo seu pior resultado eleitoral em eleições majoritárias. No seu primeiro teste, em 1982, Reynaldo de Barros (PDS), candidato de Paulo Maluf ao governo do Estado, obteve 17,4% dos votos na capital, ficando em terceiro lugar.
Depois disso, o malufismo cresceu gradualmente na capital paulista, atingindo seu pico na eleição de Celso Pitta em 1996: 44,9% do total de votos. A vitória de Pitta marcou o início do declínio do malufismo em São Paulo. Seu desgaste contribuiu para a derrota de Maluf para o governo estadual em 1998: Maluf obteve 29,6% dos votos na capital (18,6 pontos percentuais a menos que Pitta) e 27,5% no Estado (6,8 pontos a menos que Maluf tivera em 1990).
O fundo do poço parecia ter sido alcançado em 2000, quando Maluf obteve 15,7% dos votos na capital. Apesar de não ter conseguido chegar ao segundo turno para a eleição de governador em 2002, a votação de Maluf na capital havia subido para 24,0%. Agora, porém, despencou ainda mais.
Alguns fatores conjunturais têm pesado nesse declínio. Maluf começou a campanha com cerca de 20% das intenções de voto, mas perdeu eleitores para o tucano José Serra (PSDB) e para Marta Suplicy (PT). Marta atraiu eleitores que viam em Maluf um tocador de obras viárias. As pesquisas do Datafolha mostraram que os predicados de Maluf passaram a ser atribuídos a Marta. Do outro lado, Serra acabou herdando boa parte do eleitorado mais conservador, para o qual personificava o principal opositor da esquerda local: sua falta de críticas ao PT certamente tirou-lhe muitos votos.
Mas, além das razões conjunturais, o declínio do malufismo possui também razões estruturais. A principal base de Maluf ainda é composta pelos trabalhadores autônomos, que, dos anos 80 para cá, vem oscilando em torno dos 23% da PEA, o que dificulta a vitória em eleições majoritárias.
A segunda dificuldade de Maluf é o estreitamento de suas bases de financiamento. Sua máquina política era custeada sobretudo por empresários nacionais do setor de serviços. Parte dessa base desapareceu no governo FHC, com a internacionalização da economia nacional, e outra parte transferiu sua lealdade para outros partidos.


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