São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2004

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ELEIÇÕES 2004 / SÃO PAULO

Pesquisa constatou que tucano oscilava positivamente na véspera

Ibope apontou um movimento contrário, com ascensão de Marta


Datafolha detecta onda de crescimento de Serra

DA REPORTAGEM LOCAL

O resultado em São Paulo mostra que as pesquisas do Datafolha conseguiram detectar a tendência de crescimento da candidatura de José Serra na véspera da eleição.
Os dois últimos levantamentos do Ibope apontavam para uma tendência contrária: neles, Marta Suplicy (PT) oscilava positivamente, enquanto a intenção de votos em Serra (PSDB) era decrescente. Em ambas as pesquisas, os dois candidatos estavam empatados tecnicamente.
Entre 29 de setembro e 2 de outubro, o Datafolha mostrou que a intenção de voto em Serra oscilava de 34% para 37%; Marta tinha 34% nos dois levantamentos. Já no Ibope, o movimento era inverso -o tucano descia de 37% a 34% e a candidata petista variava de 35% a 36%.
Na última pesquisa, o Datafolha mostrava Serra com 40% e Marta com 37%. Já o Ibope mostrava 40% para Marta e 38% para Serra.
Pesquisa boca-de-urna do Ibope mostrou um empate: ambos tinham 40% dos votos válidos.
Mauro Paulino, diretor do Datafolha, afirma que a tendência de crescimento de Serra pode ter sido resultado do desempenhos dos candidatos no debate da TV Globo.
Pesquisa Datafolha apontou o tucano como vencedor do encontro realizado na última quinta-feira. Debates na TV, de acordo com Paulino, repercutem em ondas e o resultado deles podem ser sentido até o dia da eleição.
O número de indecisos também ajuda a explicar por que o resultado da eleição não coincide com o levantamento do Ibope. Pesquisa Datafolha concluída no sábado revelava que 18% dos eleitores poderiam mudar o voto.
Entre os mais jovens, de 16 a 25 anos, esse percentual subia a 27%. Entre os que têm só ensino fundamental, o índice era de 19%. Pouco mais de um quinto deles (21%) tem renda familiar mensal de até 5 salários mínimos. No grupo dos que têm ensino superior, o percentual baixava a 13%.
Conclusão: o eleitor volúvel é o que tem menos acesso à informação, de acordo com Paulino.
É provável que esse eleitor tenha decidido votar em Serra porque o tucano tinha uma taxa de rejeição menor do que a de Marta.
A rotina das eleições no Brasil é uma das explicações cogitadas por Paulino para o elevado índice de eleitores volúveis.
"Pesquisa de véspera de eleição não pode ser comparada com a urna porque ela mede intenção de voto", diz ele. O importante, afirma, é a capacidade de apontar as tendências do eleitorado.
As diferenças de metodologia do Datafolha e do Ibope podem explicar por que os dois institutos captaram tendências contrárias.
O Datafolha entrevistou 4.963 eleitores nos dias 1º e 2 de outubro; o Ibope trabalhou com 1.204 entrevistas nesses mesmos dias. Quanto maior o número de entrevistas em pesquisas de intenção de voto, maior é a probabilidade de detectar variações mínimas.
A Folha não conseguiu localizar até as 23h de ontem Marcia Cavallari, diretora do Ibope Opinião.


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