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FORAS DA LEI
PMs e cabos eleitorais questionados pela Folha desconheciam ilegalidade
Boca-de-urna acontece livre em SP
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem serem importunados, cabos eleitores distribuíram santinhos de candidatos ao longo de
todo o dia de ontem nos arredores de vários pontos de votação
de São Paulo. As ruas e calçadas
ficaram cheias de papéis de
campanha.
Fazer boca-de-urna é crime.
No dia da eleição, de acordo
com a Lei Eleitoral, é proibida "a
distribuição de material de propaganda política, inclusive volante e outros impressos".
Policiais militares questionados pela Folha mostraram desconhecer a lei. A dupla responsável pela escola estadual André
Ohl, na Vila Diva (zona leste),
apenas observava a distribuição
de santinhos no outro lado da
rua. Os dois disseram que foram
orientados a só reprimir boca-de-urna feita a menos de 200 m.
Nos arredores da escola municipal Guimarães Rosa, na Vila
Carrão (zona leste), 20 cabos
eleitorais faziam propaganda na
hora da votação. Para os dois
PMs no local, boca-de-urna pode ser feita a partir de 100 m.
A Folha encontrou uma escola em que não havia policiamento à tarde. Dois cabos eleitorais
aproveitaram a ausência de segurança para fechar a entrada
da escola estadual Santos Amaro da Cruz, na Vila Colorado
(zona leste). Nenhum eleitor entrou sem receber um santinho.
Questionada, a Secretaria da
Segurança Pública afirmou, por
nota, que os policiais receberam
orientação sobre legislação: "A
Polícia Militar se reuniu com os
juízes eleitorais e foi devidamente orientada pelo comando
sobre legislação eleitoral".
Os cabos eleitorais receberam
entre R$ 25 e R$ 30 para ficar
das 8h às 17h nas proximidades
dos pontos de votação entregando santinhos. Há casos em
que fiscais contratados pelos
candidatos passam de hora em
hora para verificar se a boca-de-urna está realmente sendo feita.
Assim como os PMs, os cabos
eleitorais desconheciam a ilegalidade. Eles disseram ter sido
orientados pelos próprios candidatos a só não distribuir os papéis nos portões dos colégios.
Muitos bares da cidade ignoraram a Lei Eleitoral e venderam bebida alcoólica no horário
de votação.
Colaborou GILMAR PENTEADO, da
Reportagem Local
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