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GUERRA SANTA
Em cultos da Universal, religiosos fizeram referência a eleição, mas não citaram o nome de Crivella
Bispo conclama fiéis a destruir "príncipe do Rio"
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
"Vocês sabem o que fazer hoje,
não sabem?". A frase do bispo
Guaracy Santos, dita pouco depois das 6h, indicava o que seriam os dois cultos realizados
ontem no "Templo Maior" da
Igreja Universal do Reino de
Deus, em Del Castilho (zona
norte): nenhuma menção ao nome de Marcelo Crivella (PL),
mas várias referências à eleição.
Crivella é bispo da igreja e sobrinho de Edir Macedo, líder da organização evangélica.
"Hoje vamos esmagar a cabeça
da serpente. Vamos pisar em satanás. Vamos tirar esse exu de
violência do Rio de Janeiro",
bradou Guaracy. Antecipados
em razão da eleição para 6h e 8h
-normalmente acontecem às
7h e 10h- os cultos marcaram o
evento "Rio ao pé da cruz",
anunciado na semana em programas de TV produzidos pela
Universal. A prometida distribuição do salmo 22 não ocorreu,
proibida pela Justiça Eleitoral,
que a considerou propaganda de
Crivella (22 é o número do PL).
A TV Record, que pertence à
igreja, ficou fora do ar no Rio na
sexta por causa das alusões ao
salmo feitas no programa "Coisas da Vida", do bispo Clodomir
dos Santos. "Estou impedido pela lei de distribuir o salmo. Nem
na ditadura acontecia isso. Mas
não tem nada não. Amanhã eles
vão ver", disse Clodomir no culto das 8h. A platéia, formada por
mais de 7.000 pessoas, gritou
"Hoje! Hoje!". Pouco antes, ele
falara que "até o Judiciário no
país se corrompeu".
Aproveitando uma passagem
bíblica que cita o príncipe da
Pérsia, Clodomir clamou: "Vamos destruir o príncipe do Rio,
vamos amarrar o príncipe".
Algumas dessas frases foram
ditas enquanto as pessoas iam
até o altar depositar suas "ofertas" -quantias em dinheiro determinadas pelos fiéis. Também
foram distribuídas maquetes do
"Templo Maior", dentro das
quais, segundo a orientação dos
bispos, devem ser entregues no
próximo domingo o dízimo (valor mensal) e a oferta.
Ontem, foi possível ver cabos
eleitorais pegando materiais de
campanha de Crivella em templos da Universal. Num deles, na
Tijuca (zona norte), militantes
procuraram esconder o material
quando viram o fotógrafo da Folha. Um dos militantes, sem ser
agressivo, perguntou ao fotógrafo se ele não queria fazer a reportagem dentro da igreja. Outros
quatro militantes observaram.
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