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SUL
Cidade de SC acelera a destruição
AFRA BALAZINA
ENVIADA ESPECIAL A SANTA CATARINA
Um perfume bom se espalha
pela área. Infelizmente, a razão
é o corte de exemplares da cheirosa canela-sassafrás. A espécie
não é a única vítima do desflorestamento na cidade de Santa
Terezinha, em Santa Catarina.
Num só dia a reportagem flagrou o desmate de araucárias,
imbuias, cedros e tarumãs.
A mata atlântica que recheia
a fazenda Parolin, com cerca de
11 mil hectares -o equivalente
a quase 70 parques Ibirapuera- vem sendo abatida de forma impune. Os buracos abertos
são, na sequência, invadidos
por famílias que plantam e erguem construções.
Tanto ONGs como os proprietários da área já fizeram
inúmeras denúncias, mas a situação se mantém.
Além das toras no chão, a Folha viu madeira que foi serrada
dentro da própria mata. Troncos de árvores menos nobres
estavam empilhados perto da
estrada -possivelmente para
servir como lenha. Por toda a
região é possível ver também
exemplares de pínus e eucalipto plantados nas margens de
rios e em encostas, onde antes
havia floresta nativa.
O município está em terceiro
lugar entre as cidades que mais
desmataram no Estado entre
2005 e 2008, segundo dados da
ONG SOS Mata Atlântica e do
Inpe (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais). Mas, segundo João de Deus Medeiros,
do Ministério do Meio Ambiente, essa é a região de Santa
Catarina que mais tem motivado denúncias de desmatamento à pasta ultimamente.
Terra sem lei
A Lei da Mata Atlântica -que
só permite o desmate do bioma
em casos excepcionais, como
para realizar projetos de utilidade pública- tem sido ignorada. Em vez de punição, os envolvidos são incentivados a
permanecer no local. Ônibus
escolares entram nas áreas desmatadas e invadidas e até luz
elétrica foi instalada em alguns
pontos. O prefeito, Genir Junckes (PMDB), admite enviar
transporte escolar para a área
problemática. "Se não mandar,
o promotor me obriga." Mas
nega apoiar as ações ilegais.
Ele afirma que a administração municipal não tem estrutura para fiscalizar os desmatamentos. E cita que o trabalho
caberia à Polícia Militar Ambiental da cidade de Rio do Sul
-com efetivo de 11 pessoas e
um total de 29 municípios para
atender- e ao Ibama.
O superintendente da Fatma
(Fundação do Meio Ambiente
de SC), Murilo Flores, também
diz ter equipe pequena e desaparelhada, mas que trabalha
para aumentar a fiscalização.
"Iremos contratar 80 novos
funcionários, e cerca de 50 devem se tornar fiscais."
Leandro Casanova, da ONG
Associação de Preservação do
Meio Ambiente e da Vida, trabalha na região
desde 1997 e está chocado com
a devastação:
"Aqui deveria
ser criado o Refúgio da Vida
Silvestre do Rio
da Prata, mas o
processo está
parado na Casa
Civil. Se continuar assim, em
um ano não haverá mais nada".
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