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Federalismo ambiental é novo palco de duelo político
Legislação mais permissiva recentemente aprovada em Santa Catarina não é aceita
por ministério
Danilo Verpa/Folha Imagem
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Tronco que resistiu ao desmate em Tailândia (PA); madereiras e carvoarias da cidade foram alvo de fiscalização
DA REPORTAGEM LOCAL
Cada Estado tem suas peculiaridades e, por isso, deve formular sua própria lei ambiental, defendem os ruralistas.
Para ambientalistas, porém, a
concretização dessa proposta
será desastrosa: propiciará
uma guerra entre as unidades
da Federação para afrouxar as
regras ambientais e, com isso,
atrair empresas.
Os produtores rurais estão
empolgados com a moda lançada por Santa Catarina, que
aprovou em abril um código
ambiental com regras mais
permissivas do que as federais
para plantio e construção em
margens de rios. A lei, porém,
não é reconhecida pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos
Minc. Nem pelo Ibama em sua
fiscalizações no Estado.
A CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil), presidida pela
senadora Kátia Abreu (DEM-TO), defende uma reforma do
atual Código Florestal, "com a
inclusão dos critérios básicos a
partir dos quais os Estados possam adequar sua legislação".
De acordo com a entidade, os
Estados possuem "competência concorrente para legislar" e
podem adequar a relação entre
o uso dos recursos naturais e a
conservação e equilibrar a
questão econômica com a ambiental considerando as peculiaridades regionais.
Segundo a CNA, seria impossível fazer isso numa única lei
federal pelo fato de o país ter
"dimensão continental e diversidade de solos, relevo e tipologias vegetais".
Muitos ambientalistas concordam que é necessária uma
reforma do Código Ambiental.
Mas refutam a ideia de cada
Estado ter sua lei. Para Sérgio
Leitão, do Greenpeace, se isso
ocorrer haverá uma disputa
para atrair empresas e o ambiente sairá perdendo.
"As regras diferenciadas por
Estado instalam a mesma
guerra do tributo diferenciado. Vão dizer: "Venha para São
Paulo produzir porque aqui
você pode poluir mais", já que
outro Estado pode ter regra
mais exigente", compara.
Em sua opinião, essa proposta representa um retrocesso institucional muito grande.
Bagunça legal
A nova lei de Santa Catarina
prevê a redução da faixa de
preservação ao longo de rios
de 30 m -como determina lei
federal- para até 5 m.
Críticos afirmam que, além
de colocar em risco matas ciliares, a medida pode contribuir para enchentes e soterramentos, como os que mataram
135 pessoas no Estado no final
do ano passado.
A superintendência do Ibama em Santa Catarina afirma
que a lei aprovada não alterou
seu trabalho, que leva em conta a "legislação federal, que é a
lei máxima deste país". "Todas
as infrações à legislação federal encontradas são punidas."
A CNA diz que essa lei garante "a sobrevivência de centenas de milhares de pequenos
produtores" e que não entende por que Minc mandou o
Ibama punir pessoas que "lá
estavam décadas antes da vigência da lei que agora aí está".
Impasses como esse também ocorrem em outros países. Nos EUA, o problema era
o inverso na época de George
W. Bush: a Califórnia queria
adotar regras mais duras, e o
governo federal não concordava. Porém, o presidente atual,
Barack Obama, já fez as pazes
com o Estado do governador
Arnold Schwarzenegger e determinou que os Estados podem, sim, ser mais rigorosos.
(AFRA BALAZINA)
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