São Paulo, domingo, 05 de junho de 2011

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Design responsável

ELE AINDA É INCIPIENTE NO BRASIL, MAS COMEÇA A FAZER BONITO E BARATO EM TELHADOS, PISOS E ROUPAS

CARLA SCHTRUK
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O design sustentável, que permite menor consumo de energia e uso de materiais recicláveis, caminha a passos lentos no Brasil. Dessa opinião compartilham o arquiteto Fernando Mascaro, especialista em sustentabilidade, e os engenheiros Clóvis Alvarenga-Netto, coordenador do curso de ecodesign da Fundação Vanzolini, e Vanderley John, professor de engenharia da USP e membro do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável.
"Muitos designers ainda não entendem bem o que é sustentabilidade. Alguns projetam embalagens com cinco materiais, todos recicláveis em teoria, mas que não podem ser separados na reciclagem, e por isso não se degradam", diz Mascaro.
Enquanto na Europa já são usados telhados e vidros autolimpantes, feitos com nanopartículas que "comem" a sujeira e a poluição, no Brasil são poucas as construções que têm painéis de energia solar e sistemas de reaproveitamento de água da chuva.

ECOTELHADO
"Essa realidade começa a mudar", diz o engenheiro Luiz Henrique Ferreira, diretor da Inovatech Engenharia, consultoria de projetos de construção civil sustentáveis. Em São Paulo, será inaugurado, em 2012, o True Chácara Klabin, da construtura Even, em cujo teto serão plantadas espécies que ajudam a combater a poluição.
O prédio terá também painéis de energia solar, para aquecer a água usada nos apartamentos, e um sistema de reaproveitamento da água dos chuveiros e das descargas dos banheiros.
"As gerações mais novas querem morar em casas e prédios que não agridam o ambiente. Investir em sustentabilidade é uma necessidade urgente", diz Silvio Gava, diretor técnico e de sustentabilidade da Even.
Novos materiais, como telhas de fibra de celulose e forro de teto feito de garrafas PET, começam a ser empregados. "Os quiosques do parque Villa-Lobos, em São Paulo, são cobertos com telhas de celulose, e o forro do teto da Oi de Belo Horizonte tem garrafas PET", diz Ferreira.
O problema é que os novos materiais são produzidos em pequena escala, e por isso têm preço mais alto. Situação semelhante ao que acontece com o design de produtos. Cadeiras feitas com papel reciclável ou fibras de tecidos são vendidas apenas em lojas que atendem a classe A. "Não existem produtos sustentáveis em lojas de 1,99", afirma Mascaro.
As empresas que investem em consumidores conscientes, porém, não param de crescer. É o caso da Mosarte, de Tijucas, em Santa Catarina, que conquistou um faturamento de R$ 20 milhões no ano passado ao fabricar pisos a partir de sobras descartadas por marmorarias e empresas de pedras naturais.
"Gosto dos materiais que são jogados fora, por acreditar que podem formar belos mosaicos", diz Marco Aurélio Sedrez, dono da Mosarte.
Este ano, a empresa lançou revestimento de parede feito com madeira de reflorestamento. "As vendas deverão representar, até dezembro, 5% de nossa receita", afirma Sedrez.


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