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Design responsável
ELE AINDA É INCIPIENTE NO BRASIL, MAS COMEÇA A FAZER BONITO E BARATO EM TELHADOS, PISOS E ROUPAS
CARLA SCHTRUK
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O design sustentável, que
permite menor consumo de
energia e uso de materiais recicláveis, caminha a passos
lentos no Brasil. Dessa opinião compartilham o arquiteto Fernando Mascaro, especialista em sustentabilidade,
e os engenheiros Clóvis Alvarenga-Netto, coordenador do
curso de ecodesign da Fundação Vanzolini, e Vanderley John, professor de engenharia da USP e membro do
Conselho Brasileiro de Construção Sustentável.
"Muitos designers ainda
não entendem bem o que é
sustentabilidade. Alguns
projetam embalagens com
cinco materiais, todos recicláveis em teoria, mas que
não podem ser separados na
reciclagem, e por isso não se
degradam", diz Mascaro.
Enquanto na Europa já são
usados telhados e vidros autolimpantes, feitos com nanopartículas que "comem" a
sujeira e a poluição, no Brasil
são poucas as construções
que têm painéis de energia
solar e sistemas de reaproveitamento de água da chuva.
ECOTELHADO
"Essa realidade começa a
mudar", diz o engenheiro
Luiz Henrique Ferreira, diretor da Inovatech Engenharia,
consultoria de projetos de
construção civil sustentáveis. Em São Paulo, será
inaugurado, em 2012, o True
Chácara Klabin, da construtura Even, em cujo teto serão
plantadas espécies que ajudam a combater a poluição.
O prédio terá também painéis de energia solar, para
aquecer a água usada nos
apartamentos, e um sistema
de reaproveitamento da água
dos chuveiros e das descargas dos banheiros.
"As gerações mais novas
querem morar em casas e
prédios que não agridam o
ambiente. Investir em sustentabilidade é uma necessidade urgente", diz Silvio Gava, diretor técnico e de sustentabilidade da Even.
Novos materiais, como telhas de fibra de celulose e forro de teto feito de garrafas
PET, começam a ser empregados. "Os quiosques do parque Villa-Lobos, em São Paulo, são cobertos com telhas
de celulose, e o forro do teto
da Oi de Belo Horizonte tem
garrafas PET", diz Ferreira.
O problema é que os novos
materiais são produzidos em
pequena escala, e por isso
têm preço mais alto. Situação
semelhante ao que acontece
com o design de produtos.
Cadeiras feitas com papel reciclável ou fibras de tecidos
são vendidas apenas em lojas que atendem a classe A.
"Não existem produtos sustentáveis em lojas de 1,99",
afirma Mascaro.
As empresas que investem
em consumidores conscientes, porém, não param de
crescer. É o caso da Mosarte,
de Tijucas, em Santa Catarina, que conquistou um faturamento de R$ 20 milhões no
ano passado ao fabricar pisos a partir de sobras descartadas por marmorarias e empresas de pedras naturais.
"Gosto dos materiais que
são jogados fora, por acreditar que podem formar belos
mosaicos", diz Marco Aurélio
Sedrez, dono da Mosarte.
Este ano, a empresa lançou revestimento de parede
feito com madeira de reflorestamento. "As vendas deverão representar, até dezembro, 5% de nossa receita", afirma Sedrez.
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