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O peixe de hoje, o peixe de amanhã
CERTIFICAÇÕES E LISTAS DISPONÍVEIS NA INTERNET AVALIAM O IMPACTO DA PESCA NAS ESPÉCIES; CONSULTAS GARANTEM QUE A COMIDA COMPRADA AGORA NÃO MATE A DO FUTURO
GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA
Não é das mais fáceis a vida do sujeito que deseja
manter peixes saborosos no
cardápio e, ao mesmo tempo, continuar em paz com a
sua consciência ambiental.
O consenso entre os biólogos marinhos é que as espécies mais apreciadas e incorporadas há séculos à mesa,
do atum ao salmão, passando pelo bacalhau, andam
com a corda no pescoço devido à chamada sobrepesca.
Isso quer dizer que, na natureza, boa parte das populações dos bichos andam sendo destroçadas mais rápido
do que os coitados conseguem se reproduzir. Resultado: colapso populacional.
Diante disso, as opções do
amante do pescado ambientalmente consciente são
duas: preferir os peixes cujas
populações andam comprovadamente bem das pernas
ou os criados em cativeiro.
Ambas as escolhas comportam seus próprios problemas.
Uma ideia simples que parecia estar indo bem envolveu a criação de um selo que
pudesse dizer aos consumidores que dá para comer certo peixe sem medo de extingui-lo. Assim nasceu o MSC
(sigla inglesa para Conselho
de Boa Gestão dos Mares).
O MSC, com sede em Londres, nasceu em 1997. Receberia a certificação dele empresas cuja atividade garantisse a sobrevivência e a saúde de seus estoques pesqueiros por tempo indeterminado, mantendo também a
saúde do ecossistema todo.
No entanto, o biólogo Daniel Pauly, especialista da
Universidade da Colúmbia
Britânica (Canadá) que foi
consultor do MSC em seus
inícios, o papel do conselho
não anda sendo cumprido.
No ano passado, Pauly e
outros colegas assinaram um
manifesto na revista científica ªNatureº listando o que
consideram ser as mazelas
do MSC. A principal: o selo
recentemente aprovou a captura de peixes cuja população caiu até 90%.
O MSC se defende. ªTodas
as companhias certificadas
são sustentáveis e bem administradasº, diz o conselho.
O único produto no Brasil
recomendado pelo MSC, segundo o site do órgão, é o
arenque da empresa alemã
Stührk Delikatessen.
Uma alternativa mais barata e talvez mais confiável
para um guia rápido é o site
Seafood Watch, do Aquário
da Baía de Monterey (Califórnia). O endereço é
www.montereybayaquarium.org/cr/seafoodwatch.aspx
e nele é possível descobrir
que o único cação considerado ambientalmente aceitável
é o da Colúmbia Britânica.
YES, NÓS TEMOS TILÁPIA
Também aparece como
"boa alternativa" a tilápia
criada em cativeiro no Brasil,
embora a produzida nos EUA
receba a classificação de
"melhor escolha".
"Consideramos que a nossa produção é de baixo impacto ambiental", diz o piscicultor Fernando Bassero, que
cria tilápias em reservatórios
artificiais em São Roque (SP)
e no Pontal do Paranapanema. Uma das vantagens ambientais do modelo adotado
por ele é a criação em açudes
escavados, e não em lagos
naturais, nos quais as tilápias
competem com peixes nativos dessas águas.
Além disso, para minimizar a chegada de dejetos às
águas da região, o que vem
dos reservatórios passa por
duas filtragens, uma das
quais remove amônia (substância a base de nitrogênio
que pode ser poluente), e
também por decantação, removendo outros resíduos.
ªEntre os piscicultores há
muita discussão sobre certificação, mas ainda não existe
nada estabelecidoº, afirma
Bassero. "E é difícil repassar
esse custo para o consumidor. A coisa ainda depende
muito da consciência de cada
um", diz o produtor
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