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PARA EXPORTAÇÃO
Executivo brasileiro deixa o país para conquistar mercado
Experiência com economia instável é diferencial
ANDRESSA ROVANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Para muitos executivos, uma
boa maneira de avançar na carreira é sair da empresa. Essa
partida, porém, nem sempre
tem a ver com trocar de camisa,
e sim de nacionalidade, por algum tempo, para ocupar um
posto em outro país.
Passar um período trabalhando no exterior -para
aprender na matriz ou controlar subsidiárias- já faz parte do
plano de desenvolvimento de
muitos profissionais. E essa
possibilidade aumenta na velocidade com que se amplia a rede de negócios entre países, que
abre espaço em novas searas,
como Ásia e América Latina.
Na maioria das vezes, o brasileiro expatriado ganha missões
relacionadas à gestão. Nesse caso, conta com dois diferenciais
de peso: ser formado em meio a
turbulências típicas da nossa
economia e herdeiro do inegável carisma latino-americano.
O talento para gerenciar em
solo pouco fértil tem valorizado
o passe brasileiro em meio à
profusão de novos negócios em
países em desenvolvimento.
"Arrisco dizer que exportamos executivos", declara Gino
Oyamada, sócio responsável
pela região sul da consultoria
Fesa Global Recruiters. "Em
países que também têm esses
altos e baixos, estamos sempre
presentes", completa.
Muitas multinacionais fazem
do Brasil uma plataforma para
desenvolver talentos. Uma delas é a Bunge, companhia holandesa cuja subsidiária brasileira hoje "empresta" 17 executivos a outros destinos.
"O perfil do nosso executivo é
inovador, ele está sempre descontente com o resultado", reforça José Ismael de Sá, gerente de operações e armazenagem da Bunge Alimentos.
Não há dados consolidados
que atestem o crescimento das
transferências brasileiras, mas,
lá fora, 44% das multinacionais
aumentaram o número de expatriados entre subsidiárias
entre 2004 e 2005.
O resultado faz parte de um
levantamento finalizado neste
ano pela consultoria norte-americana GMAC GRS (Global
Relocation Services) com 125
gestores de empresas que têm
escritórios no mundo todo.
Segundo Patricia Molino, sócia da KPMG, há dois motivos
principais para expatriar um
executivo de alto escalão. Ou
ele vai à matriz em busca de conhecimento para assumir o
próximo passo na carreira ou é
transferido porque sua expertise está fazendo falta lá fora.
Transnacionais
Apesar de o primeiro caso ser
mais freqüente, o quadro pode
passar por mudanças. Como no
caso da Companhia Vale do Rio
Doce, que adquiriu uma firma
canadense há duas semanas, o
avanço no número de transnacionais deve ampliar a exportação de talentos que espalhem o
know-how nacional.
O engenheiro Charles Lenzi,
47, já passou por essa experiência. Convidado pelo presidente
da AES Sul para capitanear os
serviços em uma subsidiária recém-privatizada na Índia, ele
titubeou. "Foi um choque.
Sempre quis morar fora, mas
nunca havia pensado em ir para
lá", conta.
Foi uma espécie de "vestibular" na empresa, e Lenzi passou. A experiência de dois anos
no país foi tão compensadora
que a família partiu de lá para
outro desafio: a Venezuela.
"As escolhas que fazemos
determinam nosso rumo.
Talvez aparecessem outras
oportunidades, mas tenho
certeza de que não estaria neste
cargo hoje", destaca Lenzi, alçado ao posto de diretor-geral
da AES Eletropaulo.
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