São Paulo, domingo, 06 de abril de 2008

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Questão de Estado


R$ 1.192.976.259,27
GASTO DO GOVERNO COM ESPORTE DESDE 2005, O MAIOR DA HISTÓRIA DE UMA OLIMPÍADA A OUTRA, TRANSFORMA SETOR, ENTOPE GABINETES, FORMA ATLETAS E CRIA INÉDITA COBRANÇA PELO OURO

Ricardo Nogueira/Folha Imagem
Jade treina co CT de Curitiba

Planejar, escolher, gastar, capitalizar. Para quem não mais acredita que essas possam ser funções de Estado, o Brasil que vai à Olimpíada de Pequim é um tapa na cara. Ancorado em um investimento, apenas no esporte de alto rendimento, de cerca de R$ 1,2 bilhão desde 2005, o governo federal e suas empresas assumiram papéis antes destinados a cartolas.
Alinhados ao Comitê Olímpico Brasileiro, burocratas do Ministério do Esporte definem quem merece isenção fiscal ou a ajuda do Bolsa-Atleta.
Diretores de marketing das estatais, principais mecenas do esporte nacional, selecionam confederações -que receberam, apenas no ano passado, mais de R$ 150 milhões em patrocínio. E se preparam para gastar ainda mais neste ano, algo como cinco vezes o valor do patrocínio, apenas para divulgar que investem em esporte.
Não menos importante, há a Lei Piva: R$ 270 milhões das loterias irrigando o setor desde 2005, ou, pela primeira vez, por um ciclo olímpico completo.
Uma presença maciça do Estado, que já faz o governo traçar metas, a despeito de projeções de medalha sempre terem sido tratadas como tabu pelo COB.
O abraço do Estado ao esporte nacional começou no governo FHC, mas ganhou ares de prioridade na gestão Lula. Repasses, incentivo fiscal, R$ 1,8 bilhão no Pan, apoio quase incondicional à Copa de 2014 e até à renovada aventura da Olimpíada de 2016 no Rio.
Dinheiro que fez o país dar um salto em termos de estrutura, bancou viagens ao exterior, lapidou uma nova geração de atletas. Um volume de recursos inédito, a ser colocado à prova a partir de 8 de agosto, quando começa a maior e mais ambiciosa Olimpíada da história.
Suficiente para tornar o país uma potência olímpica ou apenas um primeiro passo?
"Muito mais poderia ser feito", responde Jade Barbosa, 16, a nova estrela da ginástica, talvez o mais conhecido fruto desse novo esporte brasileiro.


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