São Paulo, domingo, 06 de abril de 2008 |
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Questão de Estado
Planejar, escolher, gastar, capitalizar. Para quem não mais acredita que essas possam ser funções de Estado, o Brasil que vai à Olimpíada de Pequim é um tapa na cara. Ancorado em um investimento, apenas no esporte de alto rendimento, de cerca de R$ 1,2 bilhão desde 2005, o governo federal e suas empresas assumiram papéis antes destinados a cartolas. Alinhados ao Comitê Olímpico Brasileiro, burocratas do Ministério do Esporte definem quem merece isenção fiscal ou a ajuda do Bolsa-Atleta. Diretores de marketing das estatais, principais mecenas do esporte nacional, selecionam confederações -que receberam, apenas no ano passado, mais de R$ 150 milhões em patrocínio. E se preparam para gastar ainda mais neste ano, algo como cinco vezes o valor do patrocínio, apenas para divulgar que investem em esporte. Não menos importante, há a Lei Piva: R$ 270 milhões das loterias irrigando o setor desde 2005, ou, pela primeira vez, por um ciclo olímpico completo. Uma presença maciça do Estado, que já faz o governo traçar metas, a despeito de projeções de medalha sempre terem sido tratadas como tabu pelo COB. O abraço do Estado ao esporte nacional começou no governo FHC, mas ganhou ares de prioridade na gestão Lula. Repasses, incentivo fiscal, R$ 1,8 bilhão no Pan, apoio quase incondicional à Copa de 2014 e até à renovada aventura da Olimpíada de 2016 no Rio. Dinheiro que fez o país dar um salto em termos de estrutura, bancou viagens ao exterior, lapidou uma nova geração de atletas. Um volume de recursos inédito, a ser colocado à prova a partir de 8 de agosto, quando começa a maior e mais ambiciosa Olimpíada da história. Suficiente para tornar o país uma potência olímpica ou apenas um primeiro passo? "Muito mais poderia ser feito", responde Jade Barbosa, 16, a nova estrela da ginástica, talvez o mais conhecido fruto desse novo esporte brasileiro. VEJA MAIS NA INTERNET Confira a partir de amanhã no www.folha.com.br/olimpiada2008 vídeos e fotos com personagens deste caderno especial Próximo Texto: Caminho tortuoso: Aprovação não garante pagamento de recursos Índice |
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