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NA BALANÇA
Prêmios, 14º salário e subsídio a cursos devem entrar também na contabilidade de sua renda
Converta benefícios em cifrões
RENATO ESSENFELDER
EDITOR-ASSISTENTE DE SUPLEMENTOS
Quanto você ganha para trabalhar? Aparentemente simples, a
pergunta oculta minúcias
freqüentemente descartadas na
hora de elaborar uma resposta
condizente com a realidade.
Muito além do valor líquido
do salário, é preciso conhecer
o peso de benefícios como pla-
nos de saúde, odontológico e de
aposentadoria privada, entre outros tantos que figuram no orçamento pessoal. Esse é o primeiro
exercício para quem quer assumir
as rédeas da própria carreira.
Também ganha pontos quem
souber converter em cifras políticas corporativas com relação a ascensão de pessoal, participação
nos lucros, oferta de ações e de
subsídios a cursos e viagens internacionais. Por fim, a localização
do trabalho, o clima entre colegas
e a reputação da marca, entre outros aspectos "abstratos", podem
e devem ser ponderados.
O raciocínio se torna crucial
quando se recebe uma oferta de
trabalho. Nesse cenário, o primeiro passo é ampliar o escopo da
comparação entre empregadores.
Especialistas em recursos humanos recomendam que as contas
sejam feitas com base no total do
salário anual, e não mensal.
"Quanto vou receber com salário, bônus, lucros, 13º e 14º salários?", exemplifica Paulo Celso de
Toledo Júnior, 57, sócio da consultoria Konsult. "É melhor abrir
mão de um ganho mensal maior
em troca de uma oportunidade de
salário anual maior", orienta.
Descompasso
A diretora da Right Saad Fellipelli, Elaine Saad, aponta a necessidade de ponderar também prêmios e rendas variáveis. "Há locais em que o bônus é calculado
pela performance pessoal, avaliada pelo superior. Em outros, o risco é distribuído em partes: desempenho da empresa, do funcionário e do setor. Nesse caso, há
menor chance de perda."
Negligenciar essas variáveis pode resultar em uma decisão profissional desacertada. Foi o que
aconteceu com Marco Aurélio
Rodrigues, 24, hoje coordenador
de marketing da Digiweb.
Há três anos, Rodrigues trabalhava em uma empresa perto de
sua casa, em Alphaville (Barueri, a
32 km de São Paulo). "Tinha vários benefícios, ajuda para estudos, planos de saúde e odontológico", conta. "Mas não me dava
bem com o meu chefe."
Dois meses depois de conquistar essa vaga, Rodrigues foi atraído por outra oferta. Prós: livrar-se
do chefe, ganhar salário maior e
seguir com os mesmos benefícios.
Contras: nada de registro em carteira, férias e 13º salário.
No balanço final, resolveu mudar de patrão. "Na época, avaliei
só a questão monetária. Mas fiquei arrependido. Minha segurança era maior na outra firma,
pois tinha carteira assinada. Além
disso, ela era mais próxima de casa. O relacionamento entre as pessoas também era melhor, com
menos competição interna."
Aprendida do pior jeito possível, a lição valeu na escolha de seu
empregador atual. Na última
transferência, soube avaliar benefícios, jornada de trabalho, programas de qualidade de vida, registro em carteira e salário.
Quem consegue montar essa
complexa equação tem mais
chances de encontrar a resposta
certa para a pergunta do início do
texto. Com isso, deixa de viver ao
sabor dos ventos do mercado e assume o controle da própria carreira. E do próprio bolso.
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