São Paulo, domingo, 06 de junho de 2004

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NA BALANÇA

Prêmios, 14º salário e subsídio a cursos devem entrar também na contabilidade de sua renda

Converta benefícios em cifrões

RENATO ESSENFELDER
EDITOR-ASSISTENTE DE SUPLEMENTOS

Quanto você ganha para trabalhar? Aparentemente simples, a pergunta oculta minúcias freqüentemente descartadas na hora de elaborar uma resposta condizente com a realidade.
Muito além do valor líquido do salário, é preciso conhecer o peso de benefícios como pla- nos de saúde, odontológico e de aposentadoria privada, entre outros tantos que figuram no orçamento pessoal. Esse é o primeiro exercício para quem quer assumir as rédeas da própria carreira.
Também ganha pontos quem souber converter em cifras políticas corporativas com relação a ascensão de pessoal, participação nos lucros, oferta de ações e de subsídios a cursos e viagens internacionais. Por fim, a localização do trabalho, o clima entre colegas e a reputação da marca, entre outros aspectos "abstratos", podem e devem ser ponderados.
O raciocínio se torna crucial quando se recebe uma oferta de trabalho. Nesse cenário, o primeiro passo é ampliar o escopo da comparação entre empregadores. Especialistas em recursos humanos recomendam que as contas sejam feitas com base no total do salário anual, e não mensal.
"Quanto vou receber com salário, bônus, lucros, 13º e 14º salários?", exemplifica Paulo Celso de Toledo Júnior, 57, sócio da consultoria Konsult. "É melhor abrir mão de um ganho mensal maior em troca de uma oportunidade de salário anual maior", orienta.

Descompasso
A diretora da Right Saad Fellipelli, Elaine Saad, aponta a necessidade de ponderar também prêmios e rendas variáveis. "Há locais em que o bônus é calculado pela performance pessoal, avaliada pelo superior. Em outros, o risco é distribuído em partes: desempenho da empresa, do funcionário e do setor. Nesse caso, há menor chance de perda."
Negligenciar essas variáveis pode resultar em uma decisão profissional desacertada. Foi o que aconteceu com Marco Aurélio Rodrigues, 24, hoje coordenador de marketing da Digiweb.
Há três anos, Rodrigues trabalhava em uma empresa perto de sua casa, em Alphaville (Barueri, a 32 km de São Paulo). "Tinha vários benefícios, ajuda para estudos, planos de saúde e odontológico", conta. "Mas não me dava bem com o meu chefe."
Dois meses depois de conquistar essa vaga, Rodrigues foi atraído por outra oferta. Prós: livrar-se do chefe, ganhar salário maior e seguir com os mesmos benefícios. Contras: nada de registro em carteira, férias e 13º salário.
No balanço final, resolveu mudar de patrão. "Na época, avaliei só a questão monetária. Mas fiquei arrependido. Minha segurança era maior na outra firma, pois tinha carteira assinada. Além disso, ela era mais próxima de casa. O relacionamento entre as pessoas também era melhor, com menos competição interna."
Aprendida do pior jeito possível, a lição valeu na escolha de seu empregador atual. Na última transferência, soube avaliar benefícios, jornada de trabalho, programas de qualidade de vida, registro em carteira e salário.
Quem consegue montar essa complexa equação tem mais chances de encontrar a resposta certa para a pergunta do início do texto. Com isso, deixa de viver ao sabor dos ventos do mercado e assume o controle da própria carreira. E do próprio bolso.


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