São Paulo, domingo, 06 de junho de 2004

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TRABALHO

Planejamento deve considerar o porte da empresa e as perspectivas de crescimento

Projeção de 10 anos guia carreira

SILVIA BASILIO RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Tente imaginar-se daqui a dez anos. O cenário certamente será composto por aspirações profissionais, de remuneração e de ordem pessoal. Um planejamento de carreira é semelhante a esse exercício de abstração, só que com técnica e vertido no papel.
Para se desenhar em 2014, siga as pistas: considere a natureza do trabalho, as pessoas a compor esse ambiente, cargo, remuneração, localização da empresa e equilíbrio profissional e pessoal.
O mapa é traçado pelo presidente da Mariaca & Associates (consultoria de carreiras), Marcelo Mariaca, para quem dez anos é "o período ideal" para o estabelecimento de metas e a superação de obstáculos. "O plano dá um norte à carreira", afirma.
Cultura e porte da empresa, nome no mercado, segmento e perspectiva de crescimento devem ser ponderados. Definidos os objetivos, será possível levantar firmas e oportunidades condizentes.
Para projetar o salário, o mercado de trabalho é a melhor referência e deve ser monitorado. "O olhar sempre tem de ser para o mercado", frisa Luciana Sarkozi, da Career Center. Na comparação, devem ser considerados salários de profissionais com cargos e responsabilidades semelhantes em empresas do mesmo ramo.
O cálculo, segundo Maria Zélia de Almeida, professora da FGV Management (da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro), deve se pautar no salário anual. E a projeção não pode considerar apenas a porção fixa do salário. "Benefícios e remuneração baseados em resultados são cada vez mais relevantes em empresas competitivas", argumenta.
Sofia Esteves do Amaral, sócia da Cia. de Talentos (consultoria de RH), pondera que a escolha da profissão não deve passar somente pela questão salarial. "Aconselho as pessoas a irem mais atrás da vocação do que do salário, que é uma conseqüência natural."
Trocar de emprego com base apenas na remuneração também não é recomendável. Laís Passarelli, da Passarelli - Seleção de Executivos e Talentos, recomenda que a proposta seja avaliada não só no curto, mas também no longo prazo, buscando equilíbrio entre as esferas pessoal, profissional e salarial. "Há o risco de a pessoa se frustar por não estar evoluindo profissionalmente", ilustra.

Ajustes periódicos
Até mesmo uma transição de empresa ou de área de atuação requer planejamento detalhado. Roberto Vieira, 33, hoje executivo da área de marketing da Eli Lilly, elaborou, em 1997, um plano de cinco anos com esse objetivo. A fim de ilustrar seu comprometimento com a organização, registrou-o em cartório antes de executá-lo e, cumprida a primeira etapa, apresentou-o ao diretor.
"A decisão foi bem pensada. Planejei cada etapa. Saquei a carta da pasta e pedi para ele ler. Meu diretor à época viu que eu tinha tido uma atitude séria em relação à companhia e, a partir daí, tornou-se o maior patrono na transição da minha carreira", relembra.
O planejamento profissional requer ajustes periódicos. "Esse prazo de revisão é hoje cada vez menor", comenta Zélia de Almeida, da FGV Management. Para Passarelli, retoques devem ser feitos anualmente, e o plano, refeito a cada três anos em razão da rapidez das mudanças conjunturais.
Alexandre Porto, 29, executivo da Unilever, traçou, à época da faculdade, um plano de carreira com horizonte de 15 anos. "A cada início de ano, reviso o planejamento, como se fosse um Imposto de Renda pessoal. Faço balanço e verifico se fiquei devendo ou se tenho crédito." Ao fim do primeiro semestre, ele volta a rever o mapa e checa se as metas traçadas para o ano estão sendo seguidas.


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