São Paulo, domingo, 06 de junho de 2004

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EMPREENDEDORISMO

Antes de largar o emprego e abrir um negócio, esteja pronto para operar no vermelho

Sonhador arrisca-se a perder tudo

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Especialistas alertam: abrir mão do emprego assalariado para se tornar autônomo ou empreendedor exige prudência e muito planejamento. Antes de colocar em prática o sonho de "ser chefe de si mesmo", é fundamental avaliar desde perspectivas de ganho até habilidades necessárias.
Se, por um lado, o empreendedorismo apresenta maior potencial de remuneração, por outro, envolve a perda de garantias como 13º salário, férias remuneradas e benefícios da empresa.
Recomenda-se comparar o salário atual ao potencial de retorno da nova atividade para afastar possíveis desvantagens. Ainda nesse contexto existe o risco de queda do padrão de vida.
Calcular projeção salarial próxima de quanto pretende ganhar, tendo o mercado de trabalho como referência, é a sugestão de Júlio César Durante, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo). "A nova remuneração deve ser suficiente para cobrir, no mínimo, assistência médica e previdência privada", avisa.
Para Rodrigo Forte, da consultoria Michael Page, gastos com saúde, entre outros benefícios, devem ser embutidos pelo autônomo no valor de seu serviço. "Descontos de IRRF e de INSS também precisam ser considerados."

Plano de negócios
Identificar oportunidades e detectar demanda também são cuidados imprescindíveis. "Se não há diferencial competitivo, fatalmente o negócio vai fechar", alerta o gerente da área de serviços empreendedores do Instituto Empreender Endeavor, Carlos Pessoa Filho. Para checar a viabilidade de um projeto, ele recomenda a execução de um plano de negócios -o que sai mais em conta (até R$ 2.000) nas empresas juniores, ligadas a faculdades.
Com a ajuda de um estudo desse tipo, o ex-executivo Germano Schmidt, 32, elegeu o melhor local para seu primeiro negócio, uma academia de ginástica. Cauteloso, fez ainda reserva financeira para o caso de topar com adversidades. "É prudente dispor de recursos para se manter por pelo menos três meses", aconselha Durante.
Já o estilista Sérgio Morisson, 28, optou por uma transição gradual para o negócio próprio. Há cinco meses, criou sua marca de roupas, mas ainda segue como prestador de serviços. "Não quero dar um passo maior que a perna."

Virtudes
Além de forte controle das finanças, empreender requer perfil específico. Perseverança é uma das condições para a abertura do negócio próprio. "Você vai ouvir vários "nãos" antes de ouvir um sim", diz Daniel Li, 30, sócio-proprietário da Pixel Software.
O empresário trabalhou uma única vez como funcionário. Impulsionado pela vocação empreendedora, pendurou o paletó em menos de três anos. "Nunca tive cultura para trabalhar em uma empresa. Gosto de ter uma visão geral do negócio."
Investir no segmento em que já se tem experiência facilita, na opinião de especialistas. Pesquisa do Sebrae-SP com 1.700 empresas abertas de 1997 a 2001 mostra que 62% dos empresários que permaneciam em atividade em 2002 tinham ampla vivência ou bom conhecimento na área.
"A experiência adquirida na firma farmacêutica em que fui vendedor-propagandista por nove anos me ajudou no negócio", diz Alexandre Barbetta, 35, hoje sócio de um escritório comercial.
(SILVIA BASILIO RIBEIRO)


INFORMAÇÕES - Sebrae: http://educacao.sebrae.com.br ou tel. 0800-780202; Instituto Endeavor: www.iee.org.br; Starta: www.starta.com.br; Geranegócio: www.geranegocio.com.br; Plano de Negócios: www.planodenegocios.com.br; Adempe: www.escoladeempresarios.com.br


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