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PERGUNTAS E RESPOSTAS
1 - O QUE É COP-15?
A 15ª Conferência das Partes
da Convenção do Clima das Nações Unidas, que vai de amanhã
ao dia 18 em Copenhague, Dinamarca, é o encontro internacional
que visa avançar na produção de
um novo acordo de proteção ao
clima global, que leve a humanidade a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, em especial o
gás carbônico (CO2). Um acordo
internacional de 2007, o Plano de
Ação de Bali, determinou que o
novo tratado fosse concluído em
dezembro de 2009.
2 - O QUE HÁ DE ERRADO
COM O ACORDO ATUAL?
O Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, tem metas muito
modestas. Por ele, um grupo de
36 países industrializados precisa
reduzir suas emissões em 5,2%
em relação aos níveis de 1990 até
2012. Os EUA, o principal poluidor do planeta, rejeitaram Kyoto,
e as economias emergentes (Brasil, Índia e China) são desobrigadas de metas. Além disso, o primeiro período de Kyoto expira
em 2012 e não há nada para pôr
no lugar dele ainda.
3 - MAS PRECISAMOS MESMO DE UM ACORDO? O
AQUECIMENTO GLOBAL NÃO
PAROU EM 1998?
Não. O que aconteceu foi que
1998 foi o ano mais quente registrado desde o início das medições
com termômetros, e os anos seguintes foram mais frios que ele.
Apesar de o clima ser extremamente variável, todas as séries
históricas de dados dos anos 1990
para cá indicam um aquecimento
de 0,2ºC por década. E todos os
anos do século 21 estão entre os
dez mais quentes desde que as
medições começaram, como
mostra o gráfico abaixo.
4 - MESMO ASSIM, AS INCERTEZAS CIENTÍFICAS SÃO
GRANDES E OS CUSTOS SÃO
ALTOS. NÃO É MELHOR ESPERAR?
Sim, há incertezas. E os custos
não são desprezíveis: só no setor
de energia, até 2030, será preciso
gastar mais US$ 10,8 trilhões de
dólares para cortar emissões de
carbono, segundo a Agência Internacional de Energia. O problema é que a incerteza corta dos
dois lados, e o custo de um aquecimento global descontrolado
(tempestades, secas, inundações,
fome) pode chegar a 20% do PIB
mundial até o fim deste século.
No Brasil, até 2030, esse custo pode ser de até R$ 3,6 trilhões.
5 - EM QUANTO É PRECISO,
ENTÃO, REDUZIR AS EMISSÕES?
O IPCC, o painel do clima da
ONU, tem sugerido que as concentrações de gás carbônico na
atmosfera precisam ser estabilizadas em 450 ppm (partes por
milhão) se quisermos ter uma
chance de evitar um aquecimento
de mais de 2ºC até o fim deste século. (Hoje, estamos em 385 partes por milhão.) Este é o limite
considerado "seguro", além do
qual a humanidade e os ecossistemas teriam muita dificuldade em
se adaptar às mudanças climáticas. Para isso, as emissões dos
países desenvolvidos precisam
cair entre 20% e 45% em relação a
1990 até 2020.
6 - E SE NÃO REDUZIRMOS
ATÉ 2020?
Não existe uma data "mágica".
O problema é que, quanto mais o
tempo passa, mais caro fica reduzir as emissões. Hoje a humanidade joga ao ano na atmosfera
quase 29 bilhões de toneladas de
gás carbônico, contra 21 bilhões
em 1990, o que ultrapassa as previsões mais pessimistas de emissão do IPCC. Caso as emissões
não cheguem ao pico em 2020 e
comecem a cair em seguida, o
custo de redução ficará proibitivo. Ainda segundo a Agência Internacional de Energia, cada ano
de atraso aumenta a conta da estabilização em US$ 500 bilhões.
7 - QUAIS SÃO OS ELEMENTOS DO NOVO ACORDO DO
CLIMA?
O tratado que está sendo negociado prevê dois grandes eixos,
ou trilhos: o primeiro é o do Protocolo de Kyoto, que ganharia
um segundo período de compromisso, com metas mais amplas
dos 36 países signatários. O segundo é o do chamado LCA, que
prevê compromissos voluntários
(mas que podem ser cobrados
pela comunidade internacional)
dos países emergentes e dos EUA.
Além disso, é preciso estabelecer
como financiar o combate ao
efeito estufa nos países pobres,
como será a adaptação destes e a
transferência de tecnologias de
energia limpa, que ajudem o
mundo a migrar para uma economia de baixo carbono.
8 - E QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS ENTRAVES A UM ACORDO EM COPENHAGUE?
São dois: mitigação (redução
de emissões) e financiamento. Os
países ricos relutam em se comprometer com metas ambiciosas
de corte de emissão, pois enxergam nelas prejuízos econômicos.
Somadas, até agora, as propostas
colocadas na mesa pelos países ricos variam entre 16% e 23% de redução em relação a 1990, muito
menos do que o problema exige.
A outra questão é que nenhum
país rico disse quanto dinheiro
dará para financiar os países pobres.
9 - OS EUA REJEITARAM
KYOTO. ELES VÃO PARTICIPAR AGORA?
O presidente Barack Obama
assumiu o governo disposto a
combater a mudança climática e
a livrar os EUA de sua dependência em petróleo. Portanto, está
disposto a um acordo. Mas, para
agir em Copenhague, ele depende
da aprovação, pelo Senado, da
chamada lei Waxman-Markey,
que estabelece a meta americana
de redução de emissões. Como a
lei não será aprovada neste ano,
Obama não pode assinar nenhum acordo em "legalmente
vinculante", quer dizer, que tenha valor de lei.
10 - ENTÃO NÃO HAVERÁ UM
TRATADO LEGAL EM COPENHAGUE COMO HOUVE EM
KYOTO?
Dificilmente. O resultado mais
provável será o que os diplomatas
chamam de "decisão da COP", ou
seja, um documento político que
estabeleça linhas gerais de ação e
dê um prazo para a assinatura de
um tratado legal. Espera-se que
esse acordo político, porém, contenha metas de redução de emissões para os países ricos e emergentes, um valor para financiamento e ações em adaptação e
transferência de tecnologia.
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