São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2007

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Jornalismo

Transpiração e sorte fazem diferença, diz Clóvis Rossi

Com 43 anos de estrada, repórter se diz viciado em jornalismo diário

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
O jornalista Clóvis Rossi, 43 anos de profissão, na redação da Folha


TOMÁS CHIAVERINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Após 43 anos de profissão, Clóvis Rossi, 64, continua a gastar a sola dos sapatos. Colunista, membro do conselho editorial e repórter especial da Folha, visitou oito países só neste ano-média para ele um pouco baixa, devido à convalescência de uma cirurgia no quadril.
Viciado em jornalismo diário, o repórter atribui o sucesso a muita "transpiração" e a algumas doses de sorte. A primeira delas veio quando ele ainda estava no segundo ano da faculdade de jornalismo da Fundação Cásper Líbero e foi indicado por um professor para trabalhar no "Correio da Manhã".
"A equipe era enxuta, pouco mais de meia dúzia de pessoas, e todo mundo tinha que fazer um pouco de tudo", conta. O outro bocado de sorte, segundo o jornalista, foi ter começado na profissão em 1963, às vésperas do golpe militar que mergulharia o Brasil em mais de duas décadas de ditadura e de censura a meios de comunicação. Antes de qualquer possível confusão, é bom esclarecer: não há nenhuma simpatia para com os golpistas.
Pelo contrário. A sorte, segundo Rossi, foi ter a oportunidade de aprender com as adversidades de trabalhar em meio a uma crise. "Em seis meses no 'Correio da Manhã' aprendi mais do que nos dez anos seguintes."
A experiência foi suficiente para que fosse admitido como redator em "O Estado de S. Paulo", onde por dez anos exerceu diversas funções até chegar a editor-chefe -posto para o qual afirma não ter vocação.
"Não sirvo para ser chefe porque não sei dizer não." Após deixar o "Estado", atuou por quatro meses no "Jornal do Brasil", depois migrou para a revista "Isto É", onde também diz não ter se adaptado.
Faltava a correria do dia a-dia e ele se irritava ao ficar remoendo um mesmo tema por quase uma semana.
Após uma rápida passagem pelo extinto "Jornal da República", Rossi chegou à Folha.
Então veio outra dose de sorte: após 17 anos de profissão, foi designado para ser correspondente Em Buenos Aires. Durante o tempo em que passou na Argentina, cobriu diversas manifestações, repressões, a Guerra das Malvinas, a queda da ditadura e a redemocratização do país. Crises e mais crises: paraíso para o repórter, terror para as solas dos sapatos.
Apesar de nunca ter planejado a carreira e de dizer que não acredita que isso seja possível no jornalismo, Rossi é capaz de enumerar fatores que o ajudaram a chegar a atual posição e que podem auxiliar no caminho de aspirantes a jornalistas.
Diz que sempre foi curioso por áreas diversas, que aos 13 anos já lia o noticiário internacional e que nunca parou de estudar. Além disso, sempre fez com o mesmo empenho e carinho qualquer função que lhe fosse atribuída. Sobre o fim da carreira, Clóvis Rossi não tem dúvida: será como repórter.


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