São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2007

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Letras

"Foi aquela história do lugar certo na hora certa", dia Pasquale

Professor diz que é preciso saber a língua para ensinar

Pasquale Cipro Neto trabalhou com quase tudo. O professor de português já ajudou a mãe em uma pequena fábrica de bolsas femininas e foi auxiliar de cálculo em um escritório de engenharia.
Durante a faculdade, trabalhou como despachante de telex na Embratel -lia os documentos que chegavam, geralmente em outras línguas, e os encaminhava para os lugares certos- e foi funcionário concursado do Banco do Brasil, onde trabalhava ao mesmo tempo em quedava aulas. "Era um inferno. Literalmente abandonei o emprego no banco", afirma.
O primeiro trabalho na área foi dando aulas para quem precisava fazer o exame de madureza -prova que dava o certificado de conclusão de disciplinas se o aluno atingisse uma nota mínima. Isso foi em 1975.

Rádio
Em 1991, a direção do Anglo (cursinho pré-vestibular de São Paulo, em que o professor dava aula) foi procurada pela rádio Cultura. "Foi aquela história do lugar certonahora certa", diz.
"A Cultura queria professores de português para apresentar um projeto de programa de rádio sobre a língua", conta.
Pasquale e outros professores gravaram programas-piloto -e o dele foi escolhido. No ano seguinte, Maria Luiza Kfouri, então chefe de Pasquale na rádio, sugeriu que os dois procurassem o presidente da Fundação Padre Anchieta, Roberto Muylaert. "Vamos colocar isso na TV também", disse Maria Luiza. O programa começou um ano depois.
Atualmente, Pasquale não dá mais aulas regularmente. Mesmo assim, precisa dividir o tempo entre a coluna semanal da Folha, consultoria em língua portuguesa para a TV Globo São Paulo, autoria de livros e a apresentação dos programas da rádio e da TV Cultura.

Mudanças
O professor diz que a maior mudança desde a época em que começou a dar aulas foram os novos conteúdos cobrados no vestibular. "Antigamente, cobrava- se o conhecimento de minúcias", afirma. Segundo Pasquale, quando a prova da Unicamp passou a ser feita fora do sistema Fuvest, na década de 80, houve uma revolução.
Conteúdos desnecessários saíram da avaliação. "Melhorou a vida da gente", diz.
E para quem começa o curso de letras-e já reflete essas mudanças- o que dizer? "Eu diria o mesmo que Nelson Rodrigues: envelheçam", brinca. "Tomem cuidado para que não se deixem levar por modismos. Tentem estudar todas as correntes. Não caiam em conversa fácil." Mas há um conselho básico.
"Professor de português tem que saber português. Muitas escolas formam professores que não sabem", diz.


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