São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2007

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Direito

Advogado pegava casos de graça para ganhar prática

Ex-ministro, José Carlos Dias pedia para fazer júris durante a faculdade

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando questionado sobre o que o levou a escolher a profissão, o advogado José Carlos Dias responde: "Ah, sempre foi uma vocação". Ele via o pai trabalhando e, por influência, acabou prestando vestibular para o curso de direito.
Ex-secretário da Justiça do governador de São Paulo Franco Montoro e ex-ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso, Dias terminou em 1963 a Faculdade de Direito da USP.
Mais de 40 anos depois da formatura, o advogado acha que o ponto ao qual chegou na carreira "já está bom". Depois das passagens pela administração pública, José Carlos Dias comanda hoje uma equipe de advogados do alto do 26º andar de um edifício em São Paulo. Ele começou trabalhando sozinho_opção que, hoje,não recomenda.
Ainda na faculdade, pedia aos juízes para defender pessoas simples. E de graça.
"Pegava todo tipo de coisa. Mas, aos poucos, fui pegando só casos criminais, que é o que gosto", diz.
"Os júris foram importantes porque entrava em contato com a vida do réu", afirma. "Mas, hoje, iria começar direto em um escritório".
O advogado vê mudanças desde a época em que se formou.
"Quando eu terminei o curso, a febre era o direito tributário", diz.

Direitos humanos
Dias ganhou notoriedade defendendo presos políticos. Diz que, mesmo assim, foram os piores momentos. "Foi quando mais sofri. Tive clientes que morreram", diz.
Na década de 80, foi secretário do governo Montoro e, no final dos anos 90, ministro de Fernando Henrique. "Com toda a minha experiência de 37 anos de advocacia, eu não fazia idéia de que a situação fosse tão grave", disse à Folha sete meses depois de assumir o ministério, em 2000.
Para quem está começando, Dias avisa: "O advogado deve sofrer junto com o cliente, vibrar junto". Para ele, tão fundamental quanto isso é saber português direito. "Meu pai dizia que, pior do que ver um erro jurídico_todo mundo pode errar_ é ver um erro de português de um advogado, de um promotor, de um juiz." (RAFAEL TARGINO)


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