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SP tem a queda mais acentuada no país
Escolas paulistas sofreram a maior diminuição do país na nota do Saeb (exame de âmbito nacional) na 8ª série, entre 1995 e 2005
Especialistas afirmam que houve erro na aplicação do sistema de progressão continuada e culpam também falta de estrutura
Fernando Donasci - 30.jan.2006/Folha Imagem
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Estudantes em sala de aula do ensino fundamental em colégio de São Paulo, que teve a maior queda de notas na 8ª série
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
ANTÔNIO GOIS
EM SÃO PAULO
JORGE SOUFEN JR
DA FOLHA RIBEIRÃO
Estado mais rico da Federação, São Paulo teve algumas das
maiores quedas do país nas notas no Saeb (exame do governo
federal) entre 1995 e 2005.
Na 8ª série, as escolas paulistas foram as que mais tiveram
diminuição na média, situação
parecida à da 3ª série do ensino
médio. Somente no 4º ano da
educação fundamental é que
São Paulo se posicionou no bloco intermediário.
Especificamente na 8ª série,
o fraco rendimento foi potencializado pelas escolas da rede
estadual, governada no período
pelo PSDB (com Mário Covas e
Geraldo Alckmin).
Especialistas citam como fatores que contribuíram para o
fraco desempenho do Estado
uma errônea aplicação do sistema de progressão continuada, a
falta de estrutura para absorver
estudantes, a ausência de incentivo a professores e políticas públicas imediatistas.
"Houve confusão entre progressão continuada e promoção automática", disse Artur
Costa Neto, docente da Faculdade de Educação da PUC-SP.
"O Estado não deu estrutura e
tempo para professores e alunos entenderem o sistema."
A progressão continuada foi
implantada durante a gestão
Covas e mantida desde então.
No sistema, não há reprovação
por série, somente após um ciclo de quatro anos.
Para a professora Ângela Soligo, da Faculdade de Educação
da Unicamp, o Estado pecou na
estrutura para absorver alunos.
"Colocar mais alunos e não aumentar o número de salas é reduzir a qualidade do ensino."
Já o professor do departamento de Psicologia e Educação da USP de Ribeirão Preto,
José Marcelino de Rezende
Pinto, afirmou que o Estado cometeu "um grande erro" ao
reorganizar a sua rede física, na
década de 90. "Quando separaram 1ª a 4ª de 5ª a 8ª séries, a
unicidade da formação do ensino fundamental foi quebrada
ao meio", disse o especialista.
A atual secretária estadual da
Educação, Maria Lúcia Vasconcelos, vê a situação como "um
alerta". "Iremos tomar ações
corretivas. Devemos atacar os
nosso pontos frágeis", afirma.
Entre as medidas que planeja
adotar estão incluídas a revisão
da progressão continuada e a
mudança da grade curricular,
além do reforço do orçamento
para a alfabetização. "Os ciclos
atuais são de quatro anos, mas
pretendo que sejam mais curtos. Os professores ainda serão
consultados, mas estava pensando em baixar para algo em
torno de dois anos", afirma.
A reportagem procurou os
ex-secretários Rose Neubauer
(gestão Covas) e Gabriel Chalita (gestão Alckmin), mas não
conseguiu entrevistá-los.
Em língua portuguesa da 8ª
série, a nota de São Paulo teve
uma variação negativa de 12%,
a maior do país. A tabulação feita pela Folha considera a variação das notas nos dez anos de
aplicação do exame.
O segundo pior desempenho
foi o do Paraná (queda de
11,4%). O melhor rendimento
foi o Maranhão, com queda de
0,5% na média. O recuo médio
do país ficou em 9,7%.
A queda registrada no período fez com que São Paulo caísse no ranking de notas absolutas. Em 1995, o Estado era o segundo melhor. Agora, é o sexto.
A primeira colocação segue
com o Distrito Federal.
Em matemática da 8ª série, o
desempenho de São Paulo caiu
8,2%, também o maior recuo
do país. Na média, a nota no
Brasil diminuiu 5,6%.
Colaborou FERNANDA CALGARO
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