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PANORAMA
Especialistas veem inchaço em cargos de nível médio
Terceirizados irregulares estão na mira do Ministério Público do Trabalho
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em tempos de crise econômica, congelar concursos e terceirizar funcionários públicos
são temas que voltam à tona.
"Em momento de dificuldade financeira, é preciso apertar
o cinto e procurar cortar gastos
correntes. Não precisa suspender, mas contratações deveriam ser adiadas", afirma o consultor Raul Velloso, que foi secretário de assuntos econômicos da Secretaria de Planejamento da Presidência no governo de José Sarney e atuou
no de Fernando Collor.
Ele aponta que, na gestão de
Fernando Henrique Cardoso, a
tendência era enxugar a máquina terceirizando funções comuns a vários órgãos.
"No entanto, o Ministério
Público [do Trabalho] caracteriza a terceirização como forma
de burlar o sistema de admissão por concurso e diz que ele
dá mais margem à corrupção."
Para Viviann Rodriguez Mattos, procuradora do Ministério
Público do Trabalho, há excesso de funcionários terceirizados. "Desde 1994, as entidades
públicas trabalham com o chamado "Estado mínimo" e deixam de fazer concurso público
para terceirizar atividades."
Os preços baixos apresentados para ganhar as licitações,
segundo a procuradora, fazem
com que direitos trabalhistas
não sejam respeitados.
O atual governo tem sido
pressionado por vários órgãos
-como o Tribunal de Contas
da União e o Ministério Público
do Trabalho- para substituir
terceirizados irregulares e prevê contratações com esse fim.
Operacional lotado
"Faria mais sentido que essas
funções fossem supridas por
terceirizações e parcerias benfeitas e inteligentes", critica
Humberto Falcão Martin, diretor do Instituto Publix e professor colaborador da FGV-SP
(Fundação Getulio Vargas) e da
Fundação Dom Cabral.
"Há problema de alocação.
Há áreas em que faltam pessoas, e em outras sobram", concorda Nelson Marconi, professor de economia do setor público da FGV-SP e da PUC-SP
(Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
Esse tipo de distorção, na
opinião de especialistas, acontece principalmente em camadas operacionais do serviço público, em que atuam profissionais de nível médio.
Apesar do aumento de cargos
de nível superior desde o governo de Fernando Henrique Cardoso, houve uma retomada das
contratações de pessoal de nível médio pela atual administração, de acordo com Marconi.
"O inchaço está nos níveis intermediários, como serviços de
informática", avalia Djair Picchiai, professor de administração pública da FGV-SP.
Postos de nível intermediário, porém, não são necessariamente ocupados por quem não
fez faculdade. "Muitos estão
em cargo de nível médio, prestam concurso e vão para um de
nível superior. Assim, o provimento do cargo não significa
incremento líquido na administração pública", explica
Marcelo Viana de Moraes, secretário de gestão do Ministério do Planejamento.
(ECL E JV)
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