São Paulo, domingo, 08 de março de 2009

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EDUCAÇÃO

Giz divide espaço com atividades administrativas

Ascensão à livre-docência inclui prática em gestão

Eduardo Anizelli/Folha Imagem
João Cardoso Palma Filho no Instituto de Artes da Unesp

GIOVANNY GEROLLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O panorama para contratações é animador, já que o surgimento de novas universidades federais acelera a demanda por professores. Desde 2002, 12 foram criadas. Atualmente são 55, que oferecem 227 mil vagas a estudantes -o dobro do disponível em 2004.
Mas vários desafios aguardam o futuro professor de uma universidade pública até o topo de sua carreira. Tudo começa na seleção, que tem provas escritas e orais e análise de títulos, produção acadêmica e artigos científicos publicados.
Depois de aprovado, o docente aliará estudo e pesquisa a atividades administrativas.
"Na universidade pública pode-se desenvolver linha de pesquisa e ter menor carga semanal de aulas para atender alunos e fazer extensão [como em hospitais universitários]", explica Alberto Franke, professor da Universidade Federal de Santa Catarina e diretor do Andes (sindicato de docentes do ensino superior).
Já Otaviano Helene, presidente da Adusp (Associação dos Docentes da USP), conta que o contratado ideal, em regime de dedicação exclusiva -mais de 40 horas semanais-, poderá ficar sobrecarregado.
"Há universidades em que o número de docentes em regime integral é tão pequeno que uma só pessoa assume diversas aulas e uma série de compromissos administrativos", diz.

Longa trajetória
Com os novos concursos, a ideia é reverter esse quadro. "A coordenação de cursos pode ser passada aos doutores ingressantes, para que aprendam o lado mais administrativo do cargo", opina Edgar Salvadori de Decca, pró-reitor de graduação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
O salário-base médio de um professor doutor ao entrar em uma universidade estadual em São Paulo é de R$ 6.300.
É a experiência que ensina o caminho até o topo da carreira: o cargo de professor titular ou livre-docente. "Ser professor titular é o grande desafio, porque há pouquíssimas vagas", comenta Decca.
Na Unicamp, entre 1.800 docentes, há apenas 570 cargos para titulares. Chegar até o posto pode levar mais de 25 anos.
"A vantagem é obter melhores salários e gratificações, em posições em conselhos universitários, direção de faculdades e institutos, reitorias ou pró-reitorias", enumera Decca.
Na USP, o número de titulares não passa de 15% de todos os docentes contratados.
No topo, um professor titular ganha R$ 9.000, em média, independentemente da área de atuação e da instituição. Mas esse valor pode dobrar se ele acumular funções administrativas e experiência acadêmica.


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