São Paulo, domingo, 08 de novembro de 2009

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PANORAMA

Empresas renegociam OFERTA de benefícios

Assistência médica e custeio de cursos estão na mira; bônus caem

CRISTIANE CAPUCHINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ameaçado pela crise econômica, 2009 começou como um ano de reformulação e de corte de gastos nas empresas. Mas chega ao final com um mercado de trabalho reaquecido, que voltou a contratar.
Para aliar a austeridade financeira à atração e à retenção de bons profissionais, as companhias pouco mexeram nos pacotes de benefícios que oferecem a executivos (profissionais que têm cargos a partir do nível de gerência).
Segundo consultores de recursos humanos ouvidos pela Folha, o que elas fizeram foi reavaliar o que ofertam e a possibilidade de aumentar a contribuição dos funcionários.
"Procuraram entender melhor a forma de administração do plano", comenta René Ballo Bueno, consultor da Mercer.
O foco desse redesenho ficou na assistência médica -que responde por grande parte do valor do pacote- e no custeio de cursos de pós e de idiomas.
A crise, somada ao surto de gripe A (H1N1), elevou os custos dos planos de saúde corporativos e levou à renegociação.
Cortes substanciais foram reservados à educação. "No primeiro semestre, cortaram a concessão de bolsas para MBAs e outros cursos neste ano", conta Carlos Siqueira, diretor da consultoria Hay Group.
Alterar as regras dos benefícios, porém, é uma questão que vai além da política da empresa.
Assistência médica e seguro de vida são regulados em acordos coletivos e não podem ser alterados sem negociação com o sindicato, justifica o advogado Ricardo de Paula Alves.
A previdência privada é um pouco mais complicada, pois algumas alterações, além de negociadas com os funcionários, dependem ainda de aprovação de instância federal.

Bônus afetados
A maior redução percebida pelos executivos foi em sua remuneração variável, que é o bônus anual pago de acordo com os desempenhos da empresa e do profissional.
Seu valor, que pode variar de 31% a 83% da remuneração anual de vice-presidentes e de 14% a 30% da de gerentes -segundo dados da consultoria Mercer-, deve sofrer queda em relação aos pagamentos referentes a 2008.
Em geral, as metas continuaram as mesmas, mas, com o mercado mais lento, muitos executivos não devem alcançá-las. O setor mais atingido deve ser o financeiro, que tem política de bônus agressiva.
Mas, após os bons resultados da economia neste semestre, as empresas já começam a pensar em metas maiores para 2010.
"Neste ano ficamos focados em manter o mesmo nível. Para o próximo, buscamos crescimento de 10% a 15%", afirma Rafael Giacobbe, 29, diretor de unidades de negócios da multinacional de inovação Altran. Esses frutos, porém, só devem ser colhidos em 2011.

PACOTE EQUIVALE A ATÉ 25% DO SALÁRIO
Para gerentes, 25% da remuneração anual são benefícios; para presidentes, 15%, segundo a consultoria Mercer


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