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"Traficante não pode sair"
Antes de conhecer o Afro Reggae, Altair Martins, 21, nem sequer tinha ido ao cinema.
Morador de Vigário Geral, ele estava acostumado a brincar de bola de gude na porta de casa, de
onde era possível ouvir os gritos do local onde os
traficantes torturavam seus inimigos.
A oficina da percussão despertou o interesse do
rapaz, que dividia seu tempo entre a escola e o
trabalho com o pai em uma oficina mecânica.
Apesar da inexperiência, Altair conseguiu se
destacar como percussionista da banda Afro Reggae, formada em 1995.
com, Altair e o Afro Reggae fizeram shows por
todo o Brasil e até uma turnê pela Europa, durante a Copa do Mundo, de 1998.
"O traficante é ídolo, sim, mas até um limite. Ele
não pode sair da favela. Ele pode ter o dinheiro
que for, mas não vai ter a vida que a gente tem",
diz.
Hoje, Altair vive fora de Vigário Geral, mas afirma que mantém os vínculos com a favela em que
nasceu. Como percussionista do Afro Reggae, ele
continua ensaiando na comunidade.
"A vida dentro da favela é um mundo totalmente diferente do que tenho aqui fora. Agora eu
posso chegar tranquilo em casa. Apesar das melhoras, isso não era constante em Vigário", diz.
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