São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2008

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CIDADE DOS SONHOS

Arquiteto quer resgatar Ibirapuera de Niemeyer

Para Carlos Lemos, que participou do projeto original do parque, passarela que liga Oca e Auditório deve ser construída

Jubran


MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL

O parque Ibirapuera (zona sul), um dos locais mais emblemáticos da cidade, é também candidato a sofrer uma intervenção arquitetônica.
"A prioridade é harmonizar a região da Oca e do Auditório. É até um insulto ficar como está", afirma Carlos Lemos, professor de pós-graduação da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP e membro da equipe que, com Oscar Niemeyer, projetou o parque Ibirapuera.
Lemos defende a execução do projeto original do parque, que nunca foi concluído. "O projeto do Oscar imaginava a entrada principal como uma plataforma, elevada do chão a cerca de meio metro", conta.
A plataforma seria coberta por uma laje que abrigaria bilheterias e serviria como passagem entre o Auditório e a Oca, formando "uma espécie de anel de Saturno."
A construção ocuparia parte da área onde hoje está uma das pontas da marquise -e é justamente aí que reside a polêmica em torno da execução da obra.
Parte da marquise teria de ser demolida, mudando a cara do parque que é tombado pelos órgãos de patrimônio. "Tombar não é mumificar", afirma Lemos, que defende a adaptação da obra como previa seu autor, o que não foi feito, segundo ele, por questões políticas, de prazos e de verba.
Segundo o arquiteto, também está previsto no projeto original a construção de um restaurante entre o lago e a marquise, uma edificação quadrada que ficaria suspensa a cerca de 20 metros e que seria sustentada apenas por uma coluna central. "Da ponta da coluna sairiam cabos, como a ponte estaiada", explica Lemos.
Recentemente, o arquiteto elaborou ainda uma nova proposta, a de um grande estacionamento subterrâneo construído próximo ao Obelisco, na avenida Pedro Álvares Cabral.
O arquiteto defende ainda uma uso disciplinado de skates na marquise, o que poderia ser feito com a inserção de pequenas valetas no solo. "Não tenho nada contra skate, até gosto de assistir, mas no local apropriado. O Museu Afro Brasil já teve o vidro quebrado várias vezes."
De acordo com Lemos, a marquise deveria se tornar uma grande área de convivência, um local de encontro, com bancos, e não apenas servir de passagem.
Ele comenta ainda a possibilidade de o MAM (Museu de Arte Moderna) sair do local para liberar espaço sob a marquise -o acervo, segundo ele, poderia ser transferido para a Oca.


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