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RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Graduação prepara profissionais flexíveis e "globalizados" para diversas áreas
DA REPORTAGEM LOCAL
Rodrigo Cintra é um profissional "globalizado". Ele fala quatro
idiomas, tem bons conhecimentos de história, economia, direito
e ciências políticas e conversa diariamente com pessoas do mundo
inteiro. Formado em relações internacionais pela PUC-SP, ele é
diretor da Focus R.I. -uma empresa de consultoria que faz análises dos fenômenos que ocorrem
no mundo e o seu impacto no
Brasil.
"No meu trabalho, eu sempre
tenho de aprender algo novo. Não
existe um dia igual ao outro.
Quem trabalha com relações internacionais deve estar preparado
para mexer com tudo, desde a
composição química de um produto até plantas, comida ou material de construção", afirma Cintra, 28, que também é vice-presidente da Câmara de Comércio
Argentino-Brasileira.
"As empresas hoje pensam em
termos globais. Se um empresário
quer expandir seu negócio e abrir
uma filial em outro país, ele precisará ter à mão um estudo sobre a
região, informações sobre como
conseguir a autorização do governo local e uma análise detalhada
que mostre se o investimento valerá a pena. E para um trabalho
dessa natureza ele vai precisar de
um especialista em relações internacionais."
Para Cintra, as empresas ainda
não sabem como lidar com a informação que chega do exterior
-e isso pode gerar uma demanda por especialistas de R.I. nos
próximos anos.
"Faltam profissionais especializados dentro das empresas para
analisar o contexto mundial. Por
isso acho que existe um enorme
campo de trabalho na área."
No Brasil, os profissionais de relações internacionais nasceram
no rol das novas tendências trazidas pela globalização. A procura
pelo curso aumentou muito nos
últimos anos -é a segunda
maior nota de corte da Fuvest
(75)- e hoje existem cerca de 70
faculdades que oferecem a graduação no país.
As faculdades preparam profissionais flexíveis e que sabem como organizar as várias fontes de
informação que hoje estão disponíveis. As saídas mais comuns para os bacharéis no Brasil são
ONGs, centros de pesquisa, empresas multinacionais e o setor
público.
No entanto, na opinião de Paulo
Roberto de Almeida, professor de
economia do Centro Universitário de Brasília e diplomata há 28
anos, o mercado de trabalho ainda não sabe como absorver esses
novos profissionais. "Hoje ninguém sabe muito bem para que
serve um especialista em relações
internacionais. É um sujeito com
conhecimentos razoáveis de história, economia, direito e ciência
política, mas ele não é especialista
em nada. E isso é um problema na
hora de conseguir uma boa colocação", afirma Almeida.
"As empresas são pragmáticas e
procuram soluções concretas para problemas específicos. Precisam de alguém que conheça as regras de um contrato, que saiba como negociar uma situação controversa. E muitas vezes procuram alguém da área do direito,
por exemplo, que é mais específico e menos generalista." (PLG)
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