São Paulo, segunda-feira, 12 de julho de 2010

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Alemães gastam menos

Torneio brasileiro caminha para superar despesas do Mundial-06 em cerca de R$ 11 bilhões

DE SÃO PAULO

A Copa do Mundo de 2014 já caminha para superar em gastos o Mundial da Alemanha em 2006. Em relatório divulgado pelo Ministério do Esporte, a previsão é de que o evento brasileiro consuma R$ 33 bilhões em obras de infraestrutura e estádios.
De acordo com dados publicados pelo governo alemão no final de 2006, a Copa da Alemanha custou cerca de 9 bilhões. Considerando a inflação do período e o câmbio atual, o custo equivale a cerca de R$ 22,3 bilhões.
Já o Mundial sul-africano teve custos bem mais modestos que o evento que o antecedeu e o que o sucederá. Os gastos foram de aproximadamente R$ 8,4 bilhões.
Segundo o Ministério do Esporte, o evento nacional tem valor previsto maior que o sul-africano "por ter programa mais amplo e de transformações mais profundas".
"A África do Sul não investiu em transporte urbano sobre trilhos. Tal modal exige um investimento maior, porém oferece maior capacidade e conforto no transporte de passageiros. O Brasil, devido à Copa, irá acelerar R$ 4,8 bilhões apenas nesse tipo de modal", disse a pasta, via sua assessoria de imprensa.
De acordo com o Ministério do Esporte, o alto custo previsto para evento brasileiro se deve ao fato de que foram computados gastos em setores que já receberiam recursos independentemente da realização da Mundial em 2014, só que em um período de tempo mais longo. A fatura alemã também levou em conta esse tipo de despesa.
"Consideramos como investimentos ligados à Copa não apenas os que são decorrentes exclusivamente do evento, mas também aqueles que serão acelerados pela sua realização", informou o o Ministério do Esporte.
A pasta cita como exemplo gastos com aeroportos e mobilidade urbana. Pelas previsões do governo, cerca de R$ 16,3 bilhões serão destinados a esses setores até 2014.
"Não faz sentido construir um aeroporto ou um metrô apenas por causa da Copa", afirma o ministério. "A Alemanha, por exemplo, priorizou, além dos estádios, a aceleração de investimentos na malha rodoviária da antiga Alemanha Oriental."

VERBA PÚBLICA
A pequena participação da iniciativa privada nos investimentos voltados para o Mundial é uma característica da preparação brasileira.
Ainda de acordo com o relatório do ministério, estima- -se que só 22% dos investimentos serão provenientes de grupos privados, sendo que quase metade desses gastos será financiada pelo setor público, via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Em suma, 88% da verba empregada no Mundial sairá dos cofres públicos.
Segundo o ministério, as linhas de crédito direcionadas para estádios, mobilidade urbana e hotelaria são "uma ferramenta para indução de políticas públicas".
As linhas voltadas para a requalificação hoteleira e para a construção e reforma de estádios exigem planos de sustentabilidade ambiental.
Já na seleção de projetos de mobilidade urbana para a Copa, segundo o ministério, foram escolhidos os que privilegiaram o transporte público, e não apenas sistemas viários para o transporte individual. (MARIANA BASTOS)


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