|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
quem manda?
O chefe e o barão
É o francês Jérôme Valcke quem dará a última palavra sobre o Mundial no Brasil, embora Ricardo Teixeira, presidente da CBF, centralize o poder do comitê local
EDUARDO ARRUDA
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A JOHANNESBURGO
Um francês será o grande
chefe da Copa do Mundo no
Brasil. É de Jérôme Valcke,
secretário-geral da Fifa, a incumbência de determinar o
que está certo e o que está errado nas 12 sedes do Mundial, que acontecerá daqui a
quatro anos no país.
Na Fifa, ele é apontado como o próximo sucessor de Joseph Blatter para comandar a
entidade, em 2015. Por isso,
essa será a Copa dele.
A predileção do presidente
da Fifa, Joseph Blatter, por
Valcke pode atrapalhar os
planos do presidente do Comitê Organizador Local, Ricardo Teixeira, que também
almeja comandar a principal
entidade do futebol mundial.
Até aqui, porém, Valcke e
Teixeira têm tido um discurso afinado. Os dois são muito
próximos, a ponto de o francês frequentar a casa de Teixeira em Angra dos Reis.
Valcke também já ajudou
o presidente da CBF a conseguir um contrato milionário
com a Nike para a seleção.
No Brasil, entretanto, a última palavra sobre a Copa será sempre de Valcke, apesar
de Teixeira ter centralizado o
poder no comitê local.
Além de Teixeira, o COL
tem em sua linha de frente
Joana Havelange (gerente-
-geral), filha de Teixeira,
Francisco Mussnich (consultor jurídico), Carlos Langoni
(consultor financeiro), Carlos de La Corte (consultor de
estádios) e Rodrigo Paiva (assessor de comunicação).
O órgão já sofreu uma baixa, Mário Rosa, que cuidava
das relações institucionais.
Ele teria ficado contrariado
pelo fato de o poder do comitê ser muito restrito.
Teixeira tem se comportado como um barão na condução do comitê. Ao contrário
de outros países organizadores, ele acumula a função
com a de presidente da CBF.
Também não autoriza ninguém a falar sobre a Copa.
Na escolha das sedes, foi
cortejado por governadores,
prefeitos, senadores, deputados. Tornou-se um dos homens mais poderosos do país
com o Mundial nas mãos.
E deixou com o governo federal a missão de injetar o dinheiro público para ajudar
na construção de estádios e
nas obras de infraestrutura,
além de cuidar do projeto de
segurança e isenções fiscais
para os parceiros da Fifa.
CENTRALIZAÇÃO
Tudo isso está a cargo do
ministro Orlando Silva Jr.
(Esporte). No momento, ele é
o mais cotado para assumir
um cargo executivo de autoridade pública do Mundial e
também da Olimpíada-2016.
Terá a função de centralizar as tarefas dos ministérios
e fazer a interface com as 12
cidades-sedes e também com
o COL. Esse homem público
com poderes na Copa só deverá ser definido, de fato,
após a eleição presidencial.
De qualquer forma, o presidente Lula deixou claro que
ele não poderá ser trocado
caso José Serra (PSDB), por
exemplo, vença o pleito deste ano. A disputa envolve diretamente as questões de Copa. Teixeira torce pela eleição de Dilma Rousseff (PT).
O barão da Copa-14 não
morre de amores por Serra.
Nem Teixeira nem a Fifa
têm permitido que o governo
se envolva nas questões dos
estádios para 2014. Quando
Silva Jr. passou a dar declarações de apoio ao Morumbi,
deixou Teixeira irritado.
O dirigente afirma que o
governo, apesar da linha de
financiamento do BNDES para as arenas, não tem autonomia para isso. Somente o COL
e a Fifa, que inclusive já injetou verba no comitê local.
Essa estrutura, aliás, faz o
dirigente crer que seu comitê
não precisa prestar contas à
sociedade em relação ao dinheiro usado no Mundial.
Texto Anterior: O gargalo Próximo Texto: Frase Índice
|