São Paulo, segunda-feira, 12 de julho de 2010

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Comitê da África do Sul trabalha em cima da hora

Organização não seguiu prazos da Fifa

DO ENVIADO A JOHANNESBURGO

Quando iniciou os trabalhos da Copa-2010, o COL (Comitê Organizador Local) da África do Sul tinha estrutura bem maior que o comitê brasileiro no mesmo estágio.
Escolhidos pela Fifa em 2003, os sul-africanos tinham 120 pessoas trabalhando no projeto naquela época.
Confirmado em 2007 para realizar o Mundial, o comitê brasileiro incluía seis pessoas. A esses juntavam-se profissionais terceirizados, escritórios de advocacia e de marketing. Hoje, o número caiu para cinco pessoas.
A diferença ocorre por causa da necessidade de a África do Sul ter feito campanha para ter a Copa do Mundo. Já o Brasil fez acordos políticos e não teve concorrentes.
Da equipe montada inicialmente, o COL africano cresceu para 750 pessoas durante a Copa. A organização divide-se em oito departamentos: comunicação, transporte e logística, segurança, marketing, finanças, tecnologia, gerenciamento de projetos e competições.
"Competições e projetos são os mais importantes porque monitoraram as reformas nos estádios", explica o diretor de comunicação do COL africano, Rich Mkhondo. A maior parte do trabalho se deu próximo ao Mundial. Do orçamento total, US$ 423 milhões, só 32% tinham sido utilizados antes da Copa.

PRAZOS
As obras dos estádios começaram só depois da Copa--06. Antes, a Fifa se concentrava na Alemanha -o que deve se repetir com o Brasil.
A África do Sul abandonou os prazos da Fifa para ter os estádios prontos. A entidade os queria finalizados um ano e meio antes do evento.
Para os organizadores, era suficiente ter cinco arenas completas um ano antes, para a Copa das Confederações. O Soccer City, palco da decisão, só ficou pronto um mês antes de o Mundial começar.
Nas relações de poder, o COL agia como mediador entre a Fifa e o governo, que realizava os investimentos.
No caso sul-africano, havia diversos políticos membros do Congresso Nacional Africano, partido atualmente no poder, dentro do comitê.
Parte da imprensa do país acusa o comitê e o governo de aceitarem imposições da Fifa sem questioná-las. No Brasil, o comitê não terá participação governamental.
Com diretores sul-africanos, o COL tinha consultorias estrangeiras, principalmente alemãs, que organizaram a Copa anterior. Agora, a Fifa incentiva interação entre brasileiros e sul-africanos.
A lição sul-africana é de um evento viabilizado em bem menos tempo do que o previsto, porém com uma equipe bem maior que a brasileira. (RODRIGO MATTOS)


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