São Paulo, domingo, 12 de setembro de 2004

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ESTATÍSTICA

Pesquisador define metodologia e tabula dados em estudos censitários e por amostragem

DA REPORTAGEM LOCAL

Dos seus 45 anos de vida, o estatístico Aparecido Soares da Cunha passou 25 no IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), onde hoje é supervisor de treinamento.
Quando estava apenas no segundo ano da faculdade, ele soube da abertura de concurso para agente de pesquisa no instituto. Mesmo não sendo propriamente um trabalho dentro da carreira, ele resolveu tentar, já que teria a oportunidade de atuar no órgão oficial de estatística no Brasil, o que poderia ser bom para ganhar experiência. Acabou permanecendo até hoje.
"No começo da carreira, ir a campo aplicar questionários de pesquisa é importante para ver o processo todo, ver como as pessoas respondem àquilo. Assim o profissional ganha sensibilidade para saber formular melhor os itens do questionário. Perguntas simples como "qual a sua idade?" ou "em que ano você nasceu?" podem ser mais complicadas do que se pensa quando a pesquisa é com uma população mais simples."
Os estatísticos do IBGE, de acordo com ele, estão presentes em todas as etapas das pesquisas. Após o profissional receber um problema ou uma pergunta para ser respondida, a primeira etapa da pesquisa é a definição da metodologia que será usada no restante do processo.
Dentro da metodologia, os estatísticos decidem se a pesquisa será censitária, ou seja, abrangendo toda a população -como o censo demográfico feito a cada dez anos-, ou se será por amostragem, em que é entrevistada apenas uma parcela representativa do todo, como nas pesquisas eleitorais. No último caso, o estatístico tem ainda de definir a amostra que será utilizada -como quantas pessoas e com qual perfil- na aplicação dos questionários.
Também de acordo com o que precisa ser descoberto, o estatístico elabora as perguntas do questionário. O próximo passo é fazer um teste-piloto, para verificar se há problemas e para refinar os métodos utilizados. No último censo, por exemplo, toda a cidade de Marília (SP) foi entrevistada como forma de teste.
"É muito mais barato corrigir pequenos erros nesse momento do que aplicar milhares de questionários e só descobrir que eles tinham defeitos depois", disse.
Após os dados serem coletados, eles são processados e tabulados, ou seja, se transformam em tabelas, que serão analisadas posteriormente. A última fase é uma avaliação para verificar o grau de confiabilidade da pesquisa.
A última pesquisa da qual Cunha participou como estatístico, por exemplo, foi a avaliação do censo no Estado de São Paulo, que descobriu que cerca de 4% dos habitantes não foram incluídos. "Quando é feita a entrevista, é comum que as pessoas se esqueçam de alguns membros da família, principalmente recém-nascidos, idosos ou parentes que moram nos fundos da casa."
Todas essas fases têm equipes distintas, dentro do IBGE, mas sempre com a participação de estatísticos, além de profissionais de outras áreas, como geografia, ciências sociais e até cartografia.
Por isso é fundamental, de acordo com ele, saber trabalhar em equipe e estar aberto para estudar áreas diferentes. "Se você vai pesquisar educação, não necessita ser pedagogo, mas precisa conhecer um pouco da área para não falar besteira e poder entender o que os outros integrantes da equipe estão falando", disse.
Em junho, Cunha fez um levantamento para descobrir as necessidades de contratação do IBGE nos próximos 35 anos, levando em consideração a faixa etária dos atuais funcionários, o sexo e as regras previdenciárias. Esse trabalho, segundo ele, foi mais uma assessoria técnica do que uma pesquisa. "Na assessoria, nós pegamos um problema e damos uma solução, mas não a implementamos", afirmou ele. (AN)


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