São Paulo, Sábado, 13 de Março de 1999
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Para Planalto, falha reforça privatização

da Sucursal de Brasília

O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, afirmou ontem que o blecaute que começou anteontem e foi até a madrugada de ontem reforça a necessidade da privatização no setor elétrico.
"Há necessidade de ampliar as linhas de transmissão", afirmou o porta-voz.
Segundo ele, mesmo antes do acidente natural que causou o blecaute -de acordo com a versão oficial-, o governo já avaliava que era necessário haver mais linhas.
"Essa falha de energia poderá mostrar, como já se acredita hoje, que é necessária mais uma linha de transmissão, portanto mais investimentos. No momento atual, o setor privado, mais do que o governo, tem condições de realizar esses investimentos", disse Amaral.
"Isso quer dizer que a privatização neste momento pode representar uma contribuição importante para os investimentos que o setor precisa", completou.
Amaral afirmou que o blecaute "não tem nada a ver" com a privatização do setor. Segundo ele, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) é uma empresa privada, com função pública.
"O que é estratégico para o governo é a regulação e a fiscalização do setor", completou.
Amaral disse que a direção de Itaipu-Binacional deveria ter explicado ao governo do Paraguai o problema, que também prejudicou o fornecimento de energia para o vizinho do Mercosul.
Às 18h10 de ontem, depois de convocado pelo presidente, Amaral anunciou que o blecaute havia sido causado por acidente natural.
"O presidente acabou de receber um telefonema do ministro (Rodolpho) Tourinho (Minas e Energia), que explicou a ele que ontem um raio atingiu uma subestação em Bauru e danificou cinco geradoras de energia do sistema Cesp (Companhia Energética de São Paulo)", disse o porta-voz.
Segundo Amaral, o presidente foi informado do blecaute pelo ministro, "pouco depois" do início do problema, na noite de quinta-feira, quando descansava no Palácio da Alvorada. De acordo com assessores, FHC só foi dormir quando foi constatado que a energia começou a retornar às cidades, o que ocorreu na madrugada de ontem.

No Senado
O ministro Tourinho e o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), José Mário Abdo, terão de dar explicações ao Senado sobre o blecaute. A data dos depoimentos, que deverão ser dados à Comissão de Infra-Estrutura, ainda não foi marcada.
"Nós queremos que o ministro e o diretor da Aneel expliquem a extensão e a causa desse fenômeno. As autoridades governamentais parecem mais preocupadas com os negócios que podem realizar com o sistema do que em fornecer um bom serviço", disse Eduardo Suplicy (PT-SP).
José Fogaça (PMDB-RS) concorda com a convocação do ministro para explicar o blecaute, mas disse que o problema não pode ser atribuído à privatização do setor, já que a parte de transmissão da energia elétrica continua nas mãos do Estado.


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